As vendas reais do comércio paranaense cresceram 5,34% em abril, na comparação com abril do ano passado, enquanto o varejo nacional registrou queda de 3,82% – a quinta redução mensal consecutiva. O índice negativo foi influenciado pelo recuo no volume de vendas em 24 das 27 unidades da federação. Além do Paraná, apenas Santa Catarina (3,10%) e Rondônia (12,49%) tiveram alta, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio divulgada ontem pelo IBGE.
A retração nacional, entretanto, foi bem inferior à de março (-11,35%), deixando o acumulado do quadrimestre em -5,45% (contra -6,00% no primeiro trimestre). Nos últimos doze meses, a variação passou para -2,07% (ante -1,92% nos doze meses imediatamente anteriores). No Paraná, os indicadores acumulados são positivos: 0,05% no ano e 0,13% nos doze meses.
“O Paraná, assim como Santa Catarina, apresenta resultado positivo em função do bom desempenho da safra agrícola”, aponta o economista Nilo Lopes de Macedo, técnico do Departamento de Comércio e Serviços do IBGE. “O escoamento da safra está gerando renda e movimentando o comércio de forma geral”, completa. A maior contribuição para o avanço nas vendas do varejo paranaense em abril veio de combustíveis e lubrificantes (15,15%), seguido de tecido e vestuário (21,09%) e demais artigos de uso pessoal e doméstico (4,86%). A expansão verificada nessas atividades, conforme Macedo, é reflexo do aumento de renda e pouca variação de preços.
Por outro lado, apresentaram queda no Estado os segmentos de móveis e eletrodomésticos (-6,88%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,36%). “O segmento de móveis e eletrodomésticos ainda está muito penalizado pelos juros, pelo trauma criado com a restrição do consumo de energia e pelo forte aumento nas tarifas”, argumenta o economista. No ramo de hipermercados e supermercados, ele comenta que o forte aumento de preços verificado no final de 2002 agora está se amenizando.No País, pelo segundo mês consecutivo todos os segmentos pesquisados apresentaram taxas negativas: Móveis e eletrodomésticos (-16,63%); Combustíveis e lubrificantes (-6,80%); Demais artigos de uso pessoal e doméstico (-3,11%); Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,05%); e Tecidos, vestuário e calçados (-0,85%). O ramo específico de Hipermercados e supermercados (-0,41%) e o segmento de Veículos, motos, partes e peças (-23,03%) também sofreram queda. No Paraná, a redução foi menor, de -0,02% e -19,11%, respectivamente.
Porém a receita nominal de vendas cresceu 18,44% em relação a abril de 2002, acumulando elevação de 15,28% no ano e de 10,46% nos últimos doze meses. O faturamento do comércio do Paraná teve índices superiores, com alta de 30,99% no mês, 24,80% em 2003 e 13,84% nos últimos doze meses.
Cenário
Na avaliação de Macedo, “o comércio vem pagando o preço de uma conjuntura bastante desfavorável em termos de taxa de juros, renda em queda, desemprego elevado e aceleração da inflação no final ano passado”. “Recentemente, houve melhora na inflação, câmbio e perspectivas do Brasil no exterior, com a queda do risco-Brasil, mas os fatores de maior peso sobre o desempenho do comércio (emprego, renda e taxa de juros) ainda estão renitentes. Enquanto não tiverem uma posição mais favorável, o comércio não vai reagir”, prevê.