As vendas do comércio varejista no Paraná voltaram a cair em março, depois da recuperação registrada em fevereiro. O índice ficou em -0,78%, na comparação com igual mês do ano passado, contra a alta de 3,08% verificada em fevereiro. Com o resultado de março, as vendas acumulam queda de 1,37% no ano (primeiro trimestre) e de 1,97% nos 12 meses. Na média nacional, o comércio registrou crescimento de 3,01% em março e de 5,04% no primeiro trimestre do ano. Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No Paraná, a queda no volume de vendas veio sobretudo dos setores de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,14%), tecidos, vestuário e calçados (-8,82%), combustíveis e lubrificantes (-11,79%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-4,99%). ?São segmentos que dependem principalmente da renda. No caso de hiper e supermercados, o peso é grande sobre o resultado final?, explicou o economista Reinaldo Pereira, do IBGE.
Apesar do índice negativo, o economista acredita que o comércio do Paraná vem se recuperando. ?Não dá para dizer que houve uma queda, mas uma estabilização. Além disso, a base de comparação é alta?, explicou, referindo-se à março de 2005, quando as vendas do comércio haviam crescido 3,25%. A crise na agricultura – marcada pela desvalorização do dólar, queda nos preços agrícolas e conseqüente endividamento do produtores rurais – é apontada como um dos principais motivos para os resultados negativos.
Na outra ponta, os setores que sustentaram as vendas do comércio em março foram móveis e eletrodomésticos (crescimento de 19%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (8,93%) e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (43,85%) – beneficiados sobretudo pelo real valorizado. Na comparação com fevereiro, as vendas do comércio cresceram 1,20%.
Primeiro trimestre
Em nível nacional, as vendas no comércio varejista avançaram 5,04% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. A taxa superou a do último trimestre de 2005 (4,58%) devido, principalmente, à significativa elevação nas vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. O volume de produtos comercializados por esse setor cresceu de 1,83% para 5,19% entre os dois últimos trimestres.
?Essa expansão se deve, basicamente, ao aumento da renda e à estabilidade do nível de emprego?, disse o economista Reinaldo Pereira.
Pereira destacou também como ponto positivo o aumento do crédito no segmento. ?Algumas redes de supermercados estão oferecendo crédito próprio. Isso já vem influenciando as vendas desta atividade.?
Na maioria dos demais setores, houve redução na taxa trimestral: tecidos, vestuário e calçados (de 8,49% para 4,93%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (de 9,31% para 5,67%); equipamentos e material de escritório, informática, e comunicação (de 77,65% para 55,38%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (de 16,35% para 12,51%); e em livros, jornais, revistas e papelaria (de 0,01% para -1,53%).
Houve praticamente estabilidade na taxa trimestral de móveis e eletrodomésticos (de 11,46% para 11,06%) e na de combustíveis e lubrificantes (de 8,26% para -8,23%). Verificou-se, porém, melhora nas taxas de desempenho de veículos, motos, partes e peças (de 1,01% para 2,48%) e de material de construção (de -5,56% para 0,09%).