As vendas no comércio varejista aumentaram 1,32% em fevereiro na comparação com igual mês do ano passado, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se do 15.º mês seguido de alta. No entanto, também é o pior índice de crescimento registrado nesse período. Em janeiro, as vendas cresceram 6,24% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Em dezembro, elas haviam crescido quase 12% no mesmo tipo de comparação. No Paraná, as vendas em fevereiro foram negativas em 0,58%. No acumulado do ano, o Estado registra alta de 3,27%.
O IBGE atribui o resultado à melhora na base de comparação – já que as vendas estão em um patamar bastante alto, e fica difícil manter fortes índices de crescimento nesse cenário – e ao efeito calendário (fevereiro teve menos dias úteis neste ano).
Segundo o economista Reinaldo Pereira, do IBGE, o crescimento do comércio também já dá sinais de arrefecimento. ?Os números mostram desaceleração na passagem de 2004 para 2005?, disse.
A mudança no cenário macroeconômico também interfere no desempenho das vendas. Desde setembro, o Banco Central já elevou os juros sete vezes. A Selic passou de 16% em setembro para 19,25% ao ano em março.
Para o economista do IBGE, no entanto, os juros não foram o fator determinante para a menor disposição dos consumidores. ?Os juros do comércio não têm aumentado na mesma proporção que a Selic?, afirmou.
Frustração de expectativas
O resultado da pesquisa frustra as expectativas de um crescimento baseado na expansão da renda. Isto porque os bens duráveis continuam a liderar as vendas no comércio e a sustentar a produção industrial.
Para o economista da GRC Visão, Alexsandro Agostini, a frustração de expectativas é decorrente da política de juros promovida pelo Banco Central. ?O aumento dos juros inibiu o fortalecimento das variáveis emprego e renda. Com juros mais altos, o empresário não faz expansão da produção, não gera emprego e a renda se mantém num nível baixo?, afirmou.
O setor de Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo, mais dependente de renda do que de crédito, teve queda de 0,22%. No mês anterior, havia sido registrada alta de 6,33%. O setor responde por cerca de 52% das vendas no comércio e registrou o pior resultado em 15 meses. Para Pereira, o resultado dos supermercados é influenciado diretamente pelo efeito calendário.
O resultado positivo das vendas no comércio em fevereiro foi obtido com base no crescimento das vendas em estados de menor participação. Rio de Janeiro, São Paulo e Minas respondem por cerca de 68% das vendas. O Rio de Janeiro teve alta de apenas 0,28% e Minas Gerais, queda de 1,91%.
Varejista ampliado
O IBGE divulgou pelo segundo mês as vendas do comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes, peças e material de construção. O crescimento neste índice foi de apenas 0,26% em fevereiro; em janeiro, o mesmo indicador havia apurado alta de 7,41%.