Com a forte queda na venda de veículos em 2015, a indústria brasileira de pneus também deve encerrar o ano no vermelho. Em levantamento feito pela Associação Nacional da Indústria Pneumática (Anip) e obtido com exclusividade pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, as vendas de pneus devem cair 9,3% em 2015 ante 2014, para 990,8 mil toneladas. Em unidades, o recuo será de 3,6%, para 72,2 milhões. Os dados levam em consideração resultados consolidados de janeiro a novembro e a previsão para o fechamento de dezembro.

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Segundo o presidente da entidade, Alberto Meyer, a queda é mais acentuada em toneladas porque os pneus mais pesados – voltados para caminhões, ônibus e máquinas agrícolas – sofreram mais com a retração do mercado automotivo ao longo do ano. No acumulado do ano até novembro, as vendas de caminhões caíram 46,5% em relação a igual período de 2014. Para ônibus e máquinas agrícolas, as baixas foram de 38,4% e 33,7%, respectivamente.

“Mas as nossas perdas não vieram só da queda nas vendas de veículos novos. No ramo de reposição para veículos pesados, nós estamos tendo uma baixa forte porque os veículos de carga estão rodando menos e, consequentemente, estão se desgastando menos, reduzindo a demanda por troca”, explicou Meyer. Como resultado, as vendas para veículos de carga, considerando os novos e os de reposição, recuaram 15,9% no acumulado de 2015 até novembro. Para máquinas agrícolas, o tombo foi de 13,4%.

Levando em conta os automóveis e os comerciais leves, a indústria de pneus ainda respira, uma vez que o mercado de reposição para estes tipos de veículos segue aquecido. “As pessoas que compraram carro entre 2011 e 2013, no auge do mercado automotivo no Brasil, estão trocando de pneu agora, então para este tipo de cliente nós ainda estamos vendendo bem”, disse Meyer. No ano, as vendas de reposição para veículos de passeio subiram 15,8%. Para as montadoras, houve queda de 22,2%. “Isto significa que, daqui a uns dois anos, nem o mercado de reposição estará bem”, acrescentou.

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Com a menor demanda das montadoras, a produção da indústria pneumática também deverá ter retração em 2015 ante 2014, de 7%, para 913,1 mil toneladas – o restante do mercado deverá ser atendido por importações. Em unidades, a baixa é de 0,7%, para 68,3 milhões. As empresas associadas à Anip e que produzem no Brasil são Pirelli, Goodyear, Michelin, Bridgestone, Continental, Tortuga, Rinaldi, Neotec, Dunlop, Maggion e Titan. Ao todo, são 23 fábricas instaladas no País.

Apesar da desvalorização do real em relação ao dólar, a indústria brasileira de pneus registra queda nas exportações. No acumulado de janeiro a novembro, o volume exportado caiu 7,7% em relação a igual período de 2014, para 174 mil toneladas. Meyer atribui a retração a uma falta de competitividade no mercado internacional, provocada principalmente pela concorrência de produtos chineses, que, segundo o executivo, oferecem um preço mais baixo. A participação das exportações nas vendas da indústria brasileira vem caindo desde 2010. Naquele ano, representavam 24,79% do faturamento. Em 2015, a fatia deve cair para 16,71%. “No entanto, com a crise no mercado interno, queremos elevar essa participação no ano que vem”, disse Meyel.

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