Embora com expectativas de vendas diferentes, os lojistas paranaenses são unânimes em afirmar que o Natal deste ano será melhor que o do ano passado. A Associação Comercial do Paraná (ACP) prevê incremento de 3 a 4% sobre o volume vendido em dezembro de 2001, enquanto a Câmara de Dirigentes Lojistas de Curitiba (CDL) projeta aumento de 4 a 5%. Já os shopping centers curitibanos estimam faturar 10 a 15% mais que no último Natal. Pelo menos quatro deles estão sorteando carros para atrair os consumidores. Outros apostam na decoração e campanhas sociais para alavancar as vendas.
Pesquisa da ACP revela que o valor médio por presente será R$ 40, com predominância de confecções e acessórios, celulares, eletroeletrônicos e cosméticos. O vice-presidente de Serviços da ACP, Élcio Ribeiro, acredita que parte da população antecipará as compras neste ano, usando a primeira parcela do décimo terceiro. “Neste ano tivemos queda da inadimplência principalmente pela injeção dos recursos do FGTS. Se as dívidas foram pagas com aquele dinheiro, mais gente está liberada para consumo com o recebimento da primeira parcela do décimo terceiro”, pondera. Em outubro, a taxa de inadimplência foi 2,56%, a mais baixa da série histórica da ACP desde 95.
Segundo estimativa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), o pagamento do décimo terceiro injetará R$ 2,134 bilhões na economia paranaense. A primeira parcela – que devia ser paga até ontem pelas empresas – corresponde a R$ 1,067 bilhão, sendo R$ 859 milhões no mercado formal e mais R$ 208 milhões no informal. Ao todo, 3,995 milhões de trabalhadores ganharão o benefício no Estado, sendo 165 milhões aposentados e pensionistas. “Normalmente a primeira parcela é utilizada para pagamento de dívidas e a segunda para consumo. Como a inadimplência está mais baixa, este ano a maior parte do 13o vai para o consumo”, concorda o economista Cid Cordeiro, do Dieese. Ele estima que 50% desse montante seja destinado ao consumo, 40% para quitação de dívidas e 10% em aplicações financeiras.
“Esse será um natal quase 100% nacional, já que o produto importado ficou inviável com a alta do dólar”, considera o presidente da CDL, Newton Campos, destacando que “os eletrônicos terão boa aceitação, já que a indústria nacional aperfeiçoou tecnologia e o custo caiu muito”. A CDL estima que o gasto médio por presente ficará entre R$ 15 e R$ 50. “Há uma parceria entre indústria e varejo para que desove no mercado o maior número de opções aos clientes”.
Shoppings
Os shopping centers de Curitiba investiram pesado nas campanhas natalinas. O Mueller gastou R$ 800 mil em publicidade, prêmios e decoração. A cada R$ 50,00 em compras, os clientes ganharão um cupom para participar dos sorteios de quatro automóveis Peugeot 206, que acontecem nos dias 2, 9, 16 e 23 de dezembro. Apostando na premiação, a diretora de marketing Claudia Souza vislumbra um crescimento de vendas de 15% em relação ao Natal passado. O Mueller também dá um desconto de R$ 2 nas fotos com Papai Noel para crianças que levarem brinquedos, que serão doados a instituições de caridade.
As duas lojas Polloshop também montaram, pelo sexto ano seguido, a “árvore da solidariedade”, com o objetivo de arrecadar presentes para crianças carentes. Para aquecer a campanha “Super Descontos com Classe”, o Polloshop sorteará dois Mercedes Classe A, nos dias 7 de dezembro e 11 de janeiro. Cada R$ 15 em compras dão direito a um cupom. O lojista que efetuou a venda do cupom sorteado ganhará um televisor 29 polegadas. O Shopping Total está sorteando doze automóveis Renault Clio.
O Crystal, por sua vez, investiu R$ 650 mil em publicidade, decoração e premiação. Cada R$ 50 em compras são trocados por um cupom para concorrer ao Renault Scénic que será sorteado no dia 6 de janeiro. “Nossa expectativa com pés no chão é de 10 a 12% de aumento de vendas em relação ao ano passado”, estima a gerente de marketing Lylian Vargas. “Temos que ser coerentes com a situação atual do Brasil. Existe uma angústia coletiva entre os consumidores, já que ninguém sabe o que acontecerá a partir de primeiro de janeiro”, comenta. Na avaliação dela, o ingresso do décimo terceiro na economia melhora as compras, “mas ninguém está na euforia maluca dos anos anteriores, quando as pessoas se afundavam com cartão de crédito e cheque pré-datado”.
O Shopping Curitiba não está sorteando automóveis, mas está com a melhor expectativa de vendas dos shoppings da capital: “Esperamos que as vendas de Natal fiquem pelo menos 15% acima das de 2001”, projeta o gerente geral do Carlos Torres. “Pelo número de sacolas, percebemos que nesse ano o público é mais consumidor do que de passeio. As pessoas estão pesquisando e comprando”. O Curitiba investiu R$ 650 mil na decoração natalina e junto com a Pastoral da Criança montou a “árvore dos sonhos” para atender 10.200 crianças carentes de 216 comunidades da Grande Curitiba. Parte do dinheiro das fotos com Papai Noel será repassado ao Unicef.
O movimento no comércio cresce bastante nessa época do ano. Também usando a decoração como chamariz, o Shopping Estação espera em dezembro um público de 950 mil a 1 milhão de pessoas, movimento 50% maior que os meses anteriores. “Aguardamos um fluxo diário de 50 mil a 60 mil nos finais de semana”, diz a gerente de marketing Leonor Rohnelt.