As vendas de geladeiras, fogões e máquinas de lavar roupas caíram até 20% este mês nas grandes redes de varejo na comparação com maio de 2009. A freada abrupta nas vendas ocorreu por causa do o fim dos estoques de produtos adquiridos pelas lojas com Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) menor. Apesar de o IPI ter voltado integralmente no fim de janeiro, os preços dos eletrodomésticos subiram entre 5% e 10% somente neste mês em razão dos estoques antigos. Além da alta dos preços, a proximidade da Copa do Mundo fez com que as TVs de alta tecnologia virassem objeto do desejo dos consumidores e ajudassem a derrubar as vendas de linha branca neste mês.
Na Máquina de Vendas, união da Ricardo Eletro com a Insinuante, por exemplo, o volume de vendas dos eletrodomésticos da linha branca caiu neste mês entre 15% e 18% na comparação com maio de 2009, conta o diretor Comercial, Rodolfo França Jr. A maior retração foi registrada nas lavadoras (-20%), seguida pelos refrigeradores (-15%) e os fogões (-6%). “Vou reduzir as entradas e comprar o que está vendendo”, diz o executivo, sinalizando um provável corte nos pedidos feito ás fábricas.
As Lojas Cem também sentiram a freada nas vendas. Neste mês, a empresa até agora tem queda de 35% no número de eletrodomésticos vendidos na comparação com igual período de 2009. Sobre abril deste ano, o recuo foi de 20%. “Estamos prevendo uma retração de 15% nas vendas mensais de linha branca até agosto”, diz o supervisor geral da rede, José Domingos Alves.
O Carrefour também registra hoje queda nas vendas de 10% a 12% de itens da linha branca em relação ao período imediatamente anterior. “O bolso do consumidor é um só, e agora ele está voltado para os equipamentos da sala (televisores de LCD)”, diz o diretor de Eletro do Carrefour, Fábio Régis. “Ainda não tenho informações das vendas industriais de maio”, pondera o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula. Ele observa que, como maio de 2009 foi muito bom, é provável que as vendas deste mês caíam ante as do ano passado.
De toda forma, a entidade deve estar contando com retração considerável nos próximos meses. No primeiro trimestre o volume vendido de itens da linha branca cresceu 25% em relação ao mesmo período de 2009 e a expectativa é de que o ano registre crescimento entre 6% e 8% na comparação com o anterior. A queda nas vendas do varejo ainda não chegou à indústria segundo Armando Ennes do Valle Jr., diretor de Relações Institucionais da Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul e líder na linha branca.
“Não sentimos a retração dessa forma e nada que faça acender o sinal de alerta”, diz o executivo, lembrando que normalmente o impacto na indústria “chega mais tarde”. Ele conta que hoje três das quatro fábricas da empresa trabalham em três turnos e a unidade de Joinville (SC) está funcionando em quatro turnos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.