As indústrias paranaenses começaram o ano vendendo um pouco menos que no início do ano passado. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), que divulgou, ontem, os números das vendas industriais de fevereiro, no primeiro bimestre o setor vendeu 0,08% menos que no mesmo período de 2009.
Ainda assim, a entidade detectou sinais de recuperação, já que, na comparação com janeiro, as vendas de fevereiro cresceram 7,82% e tiveram o melhor desempenho para o mês desde o início da pesquisa.
De acordo com a Fiep, a queda no início do ano, no confronto com os números dos mesmos meses do ano passado, se deveu principalmente ao “cenário de rearranjo da economia mundial após a crise”.
A “persistente valorização do real” também foi apontada como causa, já que atrapalha as exportações. O valor das vendas ao exterior, por sinal, acumulou queda de 20,20% no primeiro bimestre.
O coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt, ressaltou, por meio de comunicado, que o aumento observado em fevereiro é expressivo, ainda mais considerando que fevereiro teve apenas 18 dias úteis.
Dos 18 segmentos da indústria pesquisados pela Fiep, 11 tiveram aumento nas vendas, no segundo mês do ano. A entidade também destacou que, dos três gêneros mais importantes da indústria do Estado, dois cresceram: veículos automotores (73,85%), cujo aumento já era esperado, após uma queda de 52,10% em janeiro, e refino de petróleo e produção de álcool (10,55%). O outro setor, de alimentos e bebidas, reduziu suas vendas em fevereiro (-0,96%).
Outros indicadores também ajudaram a deixar a Fiep mais otimista. Um deles foi o nível de utilização da capacidade instalada da indústria, que aumentou em fevereiro, conforme a pesquisa.
O índice ficou em 77%, crescendo cinco pontos percentuais em relação a janeiro. O nível de emprego no primeiro bimestre também melhorou, ficando 2,01% maior que no mesmo período de 2009.
Na análise de Schmitt, tais crescimentos são puxados pelos negócios no mercado doméstico, que as indústrias provavelmente esperam que cresçam durante o ano. O economista da Fiep lembra, ainda, que o desempenho da indústria paranaense, este ano, será sustentado por três fatores: a performance da agricultura, o volume de crédito e a construção civil.
Ele aponta que, no primeiro caso, o prognóstico é bom, com safra 28% superior à anterior, apesar de provável redução de preços. Já o crédito deve influenciar o setor de veículos, que tem o segundo maior peso na indústria estadual. A construção civil, por sua vez, pode influenciar outros segmentos, e comprometer menos as divisas, já que depende pouco de insumos importados.
