As vendas reais da indústria cresceram 1,33% em abril, em relação a março deste ano, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), considerando dados dessazonalizados (descontados os efeitos sazonais). Para a CNI, o crescimento de abril foi especialmente relevante por ter ocorrido sobre uma base de comparação também forte, uma vez que as vendas já haviam crescido 3,34% no mês anterior.
Na comparação com abril do ano passado, o crescimento das vendas da indústria atingiu 17,92%. Somente de dezembro do ano passado a abril deste ano, a alta nas vendas foi de 5,6%.
Para o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, os indicadores industriais de abril consolidam uma trajetória de recuperação da atividade industrial, iniciada no segundo semestre do ano passado.
Ele destacou que as vendas da indústria já acumulam alta de 20% nos últimos dez meses, tendo sido registrado recuo apenas em fevereiro deste ano.
O economista atribuiu o resultado positivo dos indicadores à melhora no cenário macroeconômico, com a redução, mesmo que lenta, de taxa de juros, queda da inflação, crescimento sustentado das exportações e recuperação gradual da massa salarial e do emprego.
A pesquisa da CNI aponta ainda para um crescimento do número de horas trabalhadas na produção industrial em 0,64% em abril com relação a março, e de 3,07% em relação a abril do ano passado. O indicador registrou um crescimento acumulado de 3,2% entre dezembro de 2003 e abril deste ano, não tendo havido em 2004, queda nas horas trabalhadas.
O nível de emprego industrial permaneceu estável, com variação positiva de apenas 0,05% no mês e de 0,93% em relação a abril do ano passado.
Os salários líquidos pagos pela indústria ficaram 0,02% menores em abril, o que foi considerado um quadro estável pelo economista. Na comparação com abril de 2003, no entanto, a alta nos salários foi de 8,51%.
Capacidade instalada
O uso da capacidade instalada da indústria ficou estável em 81,2%, segundo dados da CNI, descontados os efeitos sazonais. Em março esse indicador estava em 81,3%.
O resultado, segundo Castelo Branco, começa a sinalizar a necessidade de que projetos de investimentos, principalmente na indústria mais pesada, precisam ser desengavetados para que haja expansão da produção. Ele destacou que nos últimos cinco meses, a utilização da capacidade instalada ficou acima dos 80%.
“Não vejo (o indicador) como um problema, mas como uma oportunidade”, disse o economista ao destacar que alguns setores da indústria estão próximos do limite de sua capacidade instalada e que as expectativas futuras são de crescimento influenciado tanto pelas exportações quanto pela recuperação do mercado doméstico.
A pesquisa da CNI considera entrevistas realizadas em 12 estados, com cerca de 3 mil empresas de grande e médio porte.