As vendas da indústria cresceram 7,1%, entre novembro de 2005 e janeiro de 2006, em comparação com janeiro de 2005, o que representa uma expansão de 4,92% no faturamento do setor. Os dados foram divulgados ontem pela Pesquisa Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o estudo, a alta é conseqüência da elevação da renda das famílias, seja por causa do aumento da renda do trabalho, seja em razão do aumento das transferências de renda do governo. Quanto ao mercado de trabalho, houve redução de 0,11% no percentual de pessoas ocupadas no setor, em relação a dezembro.
De acordo com a avaliação da CNI, a forte expansão no primeiro mês do ano sugere a perspectiva de uma recuperação da atividade industrial. Essa recuperação deve ocorrer a partir do segundo trimestre, segundo o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
Castelo Branco disse que ao longo do primeiro trimestre a indústria deve continuar o processo de ajuste nos estoques, para só depois iniciar um aumento da produção. O reflexo desse aquecimento da atividade no mercado de trabalho, entretanto, deve demorar um pouco mais de tempo, já que o emprego costuma ser o último indicador a se recuperar no processo produtivo.
O resultado de janeiro mostra um cenário semelhante ao do final de 2005, com vendas em alta e produção em queda. O contraste deve-se ao menor número de horas trabalhadas, que caíram 0,87% em relação a dezembro. Já o pessoal empregado na indústria ficou praticamente estável em relação a dezembro, com alta de 0,07%.
Os economistas da CNI atribuem a alta das vendas ao aumento do consumo das famílias. A redução dos juros promovida pelo Banco Central, desde setembro, contribuiu para a expansão das vendas porque propiciou melhores condições de financiamento. Além disso, o aumento da renda das famílias por meio de reajustes salariais reais e pela concessão de benefícios sociais também ajudaram a elevar a demanda.
De acordo com as projeções da CNI, o aquecimento nas vendas de janeiro não deve significar pressões inflacionárias porque a oferta de produtos em 2006 estaria garantida.
A indústria operou no primeiro mês deste ano com 80,4% da sua capacidade instalada, a menor taxa desde novembro de 2003. Isso significa que há condições de aumentar a produção sem inflação.
