O mercado de carros novos continua sem sinais de reação e acumula no ano, até a primeira quinzena de março, queda de 19,3% nas vendas em relação a igual período de 2014. No acumulado do ano, foram vendidos até agora 537 mil veículos, ante 665,9 mil em igual intervalo do ano passado.

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Na primeira metade de março, foram emplacados 97,3 mil veículos, 7,5% menos em relação ao mesmo período de fevereiro. Em relação a março, os dados preliminares do mercado apontam para alta de 3,5%, mas o motivo é o menor número de dias úteis naquele mês, que teve o feriado de carnaval.

Levando-se em conta a média diária, as vendas neste mês caíram 27% ante igual período de um ano atrás. “O mercado automotivo mais que nunca depende da confiança dos consumidores e, em razão da instabilidade econômica e política, o que vemos é um resfriamento grande do ímpeto de compra”, afirma o sócio-diretor da consultoria GO Associados, Fábio Silveira.

A GO acredita numa possível melhora do mercado a partir do segundo semestre, mas insuficiente para reverter um cenário de queda para o ano. “Trabalhamos com uma redução de 9,2% nas vendas este ano, situando-se em 3,18 milhões de veículos.”

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Silveira também acredita que os ajustes na mão de obra vão continuar. “A indústria precisa aumentar sua produtividade e não precisa do contingente atual para o volume de produção previsto.” Ele projeta 2,96 milhões de unidades, 6% abaixo de 2014. Nos dois primeiros meses do ano, o setor já demitiu 1.846 trabalhadores.

Promoções

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Com altos estoques nas fábricas e revendas, suficientes para 50 dias de vendas, quando o normal é de 25 a 30 dias, as montadoras intensificaram campanhas de varejo. A Renault iniciou na segunda-feira, 16, campanha em que sorteará dez modelos Sandero Stepway, no valor de R$ 50 mil cada. A promoção termina no dia 23 e também serão sorteados tablets, carregadores portáteis e pen drives. Entre as ofertas está o Logan Expression 1.0 Hi-Power, vendido a R$ 38.490 mil, R$ 1,6 mil abaixo do preço da tabela em vigor.

A Fiat oferece toda sua linha com prestações de R$ 13 por um ano e um mês. O cliente precisa dar 60% de entrada, pagar as 13 primeiras prestações no valor reduzido e o restante em 35 parcelas iguais. Um Uno Vivace 1.0 de duas portas, modelo 2014/15, que à vista custa R$ 24.590, pode ser adquirido com entrada de R$ 14.750, 13 parcelas de R$ 13 e 35 de R$ 415.

A General Motors retomou campanha feita no ano passado de levar aos consumidores o mesmo desconto que oferece aos funcionários. A ação oferece, por exemplo, o sedã Cruze 1.8 automático por R$ 69,9 mil, um desconto de R$ 3,79 mil em relação ao preço oficial. O modelo pode ser pago com entrada de 60% e o restante em 24 prestações sem juros.

Na Volkswagen, o compacto up! Take tem desconto de R$ 2.680 e é oferecido a R$ 34.990. A Ford optou por esticar as parcelas e oferece o Ka com entrada de R$ 19.013 e 60 prestações de R$ 499. Outra opção são 24 parcelas de R$ 841.

Modelos de luxo também têm condições especiais de financiamento. A Volvo entrou na onda do juro zero e oferece o utilitário-esportivo XC60 T5 R-Design com 50% de entrada (R$ 96.975) e 18 parcelas fixas de R$ 5.585.

Os caminhões, cujas vendas despencaram 36,6% no acumulado até 15 de março em relação ao mesmo período de 2014, também estão em promoção. O Accelo, caminhão de pequeno porte da Mercedes-Benz, tem desconto de R$ 12,1 mil e é vendido a R$ 114,9 mil. A empresa subsidia parte do juro do Finame, que é de 0,93% ao mês, e opera com taxa de 0,76% em até 72 meses para a linha 2014.

“Há muita incerteza no mercado e queremos mostrar que há boas oportunidades, que o mundo não acabou”, diz Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas da Mercedes. “Vivemos um momento em que é preciso fazer uma corrente de otimismo, pois já tem bastante gente falando dos problemas.”

Além da antecipação de compra em anos anteriores, do ajuste fiscal em andamento e do aperto nas condições de financiamento pelo BNDES, a crise política, os efeitos em cascata da Operação Lava Jato, a possibilidade de racionamento de energia e de água afetam a atividade dos principais setores demandantes de caminhões.

O economista Rodrigo Baggi, da Tendências Consultoria, explica que os efeitos da Lava Jato prejudicam o setor na medida em que afetam o mercado da construção – projetos de infraestrutura. A menor rentabilidade do agronegócio e da mineração, em função da queda dos preços internacionais das commodities, também influencia negativamente. Colaborou Igor Gadelha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.