Hoje é o último dia com o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis. E as vendas de veículos no último mês da redução devem fechar com um recorde histórico. O aquecimento no período já era esperado, mas dados preliminares divulgados ontem pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) já dão conta que a comercialização de automóveis, comerciais leves e caminhões nunca foi tão grande: o setor deverá negociar, no total, 508.593 unidades em março.

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No Paraná, se aponta que foram vendidos, durante o período de imposto menor, pelo menos mais 1,6 mil automóveis a mais por mês, na comparação com as vendas em épocas de IPI normal. De acordo com o diretor da Fenabrave no Estado, Marco Rossi, o mercado local vem trabalhando com estimativas de atingir, em março, números pelo menos equivalentes aos de setembro do ano passado, quando foram vendidos 28.436 veículos, sendo 16.969 automóveis.

Naquele mês, havia a expectativa de que a redução do IPI terminaria já em outubro, o que acabou não acontecendo. A medida, implantada em dezembro de 2008 e prevista para durar, inicialmente, até março do ano passado, foi sucessivamente prorrogada pelo governo federal.

Os números de setembro de 2009, porém, não são recorde no Paraná. As vendas mais significativas aconteceram em junho do ano passado, mês que também era tido como o último com o desconto vigente, quando foram vendidos 30.290 veículos, sendo que 18.248 deles eram carros.

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Mesmo com as altas marcas alcançadas pelo mercado no período do IPI reduzido, Rossi ainda diz que o setor tem boas perspectivas para o restante do ano. “Não na mesma badalada deste período. Mas a estimativa é de crescimento de 5% no ano”, afirma. Para ele, no entanto, os primeiros dias de IPI normal devem ser de uma certa ressaca. Já a Fenabrave nacional revisou para baixo, de 9% para 6,5%, sua expectativa de aumento nas vendas de automóveis e comerciais leves no ano.

Pressa

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Muitos consumidores que ainda querem comprar seus carros a preços mais baixos não precisam correr, hoje, para garantir os valores com IPI reduzido. Isso porque algumas concessionárias ainda têm, em estoque, veículos suficientes, faturados com as alíquotas atuais, para mais alguns dias de vendas. Segundo Rossi, que é também diretor comercial da Servopa, pelo menos esse é o caso das lojas do grupo.

Mas a situação não se repete em todos os locais. O gerente comercial da Honda Niponsul, Pedro Colares, diz que modelos como o Civic nem estão mais disponíveis em seu estoque, o que significa que as novas unidades que chegarem já estarão mais caras. Outros modelos, como o Fit e o City, não devem durar muito tempo, segundo ele. Ainda assim, ele diz que março terá recorde de vendas. O número de veículos vendidos já ultrapassou em 17% o último pico, que era setembro do ano passado.

Para Colares, o comportamento do mercado a partir de abril ainda é uma incógnita. “A demanda que estava reprimida já vai ter sido atendida. A perspectiva é de que o mercado dê uma acomodada agora”, analisa. Segundo ele, os preços dos produtos com que ele trabalha deverão subir cerca de 4%. “Não tenho como não repassar [a diferença do IPI]”, lamenta.