Pela primeira vez em quase uma década, a venda de computadores registrou queda no País. Dados divulgados ontem pela empresa de pesquisas IDC mostram que o setor deixou de vender no ano passado 800 mil aparelhos em relação a 2008. Quem puxou a queda foi setor corporativo. Com o dólar valorizado e pouco crédito no início do ano, as empresas deixaram de investir em itens básicos de infraestrutura, como computadores.
No total, foram vendidos 11 milhões de equipamentos, entre desktops, notebooks e netbooks (um note menor). Em 2008, foram 11,8 milhões. A recuperação veio só no último trimestre, impulsionada pela isenção de impostos para o setor e novas linhas de crédito, com programas de inclusão digital para professores. O resultado só não foi pior porque os chamados “usuários domésticos” continuaram comprando, principalmente notebooks.
Este ano, o mercado de computadores deve ter uma novidade. Pela primeira vez, a compra de computadores portáteis por brasileiros deve superar a de desktops. “Hoje estamos em 50% para cada modelo no segmento de usuário doméstico”, disse Luciano Crippa, analista do setor de PCs da IDC. Os brasileiros levaram para casa no ano passado um número de notebooks que superou em 36% a quantidade vendida em 2008. Entre os usuários corporativos, houve redução de 16%.
Segundo Crippa, essa substituição do desktop pelo portátil ainda não é interessante para as empresas. “O cliente corporativo não quer que o computador saia da empresa, com o risco de expor informações confidenciais”, disse. “Enquanto o usuário doméstico quer levar a informação para todo lugar.”
As sondagens de 2007 e de 2008 mostravam os consumidores da classe C comprando o primeiro desktop, enquanto os das classes A e B começavam a se familiarizar com a tecnologia do notebook. A pesquisa do ano passado já identificou uma parcela da classe C substituindo o primeiro computador por notebook. Nos segmentos A e B, os portáteis lideram a aquisição do segundo ou terceiro computador da família.
Para este ano, o estudo do IDC indica uma retomada da indústria dos computadores, com números animadores que chegam a superar o patamar de 2008. A expectativa é de que sejam comercializados 12,8 milhões de PCs. “Não chega a ser uma explosão de vendas, que comprometa a capacidade das empresas, mas as perspectivas são boas.”