As vendas internas de cimento recuaram 11,1% em abril na comparação com igual mês do ano passado, para 4,7 milhões de toneladas, de acordo com dados preliminares do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC). O comércio do produto é considerado um dos principais termômetros da atividade na construção civil e, apesar da contínua queda desde o começo do ano passado, ainda não há perspectiva de atingir o “fundo do poço”.

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“Estamos numa baixa constante, que ainda deve se agravar”, afirmou o presidente da instituição, José Otavio Carvalho. A estimativa para 2016 é de uma retração nas vendas de 12% a 15%. “Vemos hoje uma ruptura violenta frente ao crescimento que tivemos nos dez anos até 2014, quando o mercado foi impulsionado no boom imobiliário”, acrescentou.

As vendas no período de janeiro a abril de 2016 alcançaram 18,5 milhões de toneladas, volume 13,9% inferior ao de igual período do ano passado. Já considerando o resultado acumulado nos últimos 12 meses, a retração ficou em 11,1%, com 61,7 milhões de toneladas.

O presidente da SNIC disse que ainda não há visibilidade para um novo patamar de equilíbrio no mercado, principalmente por causa do enfraquecimento no segmento residencial. Para ele, a recuperação não deve vir neste ano nem em 2017. Antes de estimar a estabilização, é preciso chegar ao fundo do poço e, em seguida, ver a retomada de condições macroeconômicas, como emprego, renda e redução da inflação, além de um cenário de crédito mais acessível, acrescentou.

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A crise política no País também inibe novos investimentos, disse o executivo. Para Carvalho, a estabilização dos conflitos no governo federal pode abrir caminho para novos gastos no setor de infraestrutura, permitindo uma retomada nas vendas de cimento. “A infraestrutura tem condições de se recuperar mais rápido, assim que voltar a estabilidade política”, acrescentou.