Comodidade e menos tempo nos deslocamentos foram os motivos que levaram o analista de sistemas Vinicius Correia a trocar o ônibus pelo automóvel. Aos 23 anos, ele adquiriu em julho um veículo ano 2007, o seu primeiro carro.
Os financiamentos de automóveis com 9 a 12 anos de uso (modelos fabricados entre 2004 e 2007) fazem parte do único segmento que apresentou crescimento no primeiro semestre, segundo dados da Cetip.
A compra a prazo dos chamados “usados maduros” avançou 6,9% entre janeiro e junho deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. Nas demais faixas, as quedas foram de 30% para veículos novos, 11,2% para os seminovos (até três anos de fabricação), 6,4% para os usados jovens (quatro a oito anos), e 27,4% para automóveis com mais de 12 anos.
“O baixo nível de confiança do consumidor, o aumento do desemprego e a queda da renda são os fatores que explicam o recuo acentuado nos financiamentos no primeiro semestre”, diz Marcus Lavorato, gerente de Relações Institucionais da Cetip.
O recorde de vendas de automóveis em 2007 ajuda a entender o quadro. Como há um estoque grande desses veículos no mercado, eles puxaram o crescimento dos financiamentos na faixa dos 9 a 12 anos no primeiro semestre, diz Lavorato.
Presidente da Webmotors, maior site de venda de carros do País, Rodrigo Borer observa que a procura na plataforma é maior por seminovos, mas vê uma migração também em outras faixas. “O comprador do carro zero hoje compra um seminovo.”
O aparente custo menor dos veículos maduros em relação aos mais novos é o que mais atrai o consumidor. No entanto, é preciso ficar atento às condições e ao prazo do financiamento, além dos custos adicionais. Em geral, os juros para financiar carros mais antigos são maiores, assim como os gastos com a manutenção.
“A depender dos custos para comprar a prazo, abrir mão de itens de conforto e adquirir um carro mais novo pode valer mais à pena do que comprar um carro equipado mais antigo”, diz Vitor Meizikas, analista da consultoria Molicar. Por outro lado, ele afirma que a inadimplência é maior entre os compradores de automóveis mais novos.
O planejador certificado pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF) Daniel Chiavenato Mazza lembra que os consumidores costumam esquecer dos impostos e encargos da transação. E, além disso, ele recomenda a máxima de qualquer operação que envolva juros: economizar para dar a maior entrada possível.
Foi o que fez Correia. “Paguei a metade do valor na entrada e financiei o restante”, conta. Mesmo assim, ele teve de cortar gastos não essenciais para acomodar as parcelas no orçamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.