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Em grave crise financeira, a Vasp cancelou ontem a maioria de seus vôos, comunicou a suspensão do serviço de ponte aérea Rio-São Paulo e anunciou uma promoção relâmpago que oferece descontos nos preços das passagens. Em Guarulhos, apenas um vôo foi operado.

Para o consumidor, comprar um bilhete da Vasp com desconto é uma operação com grande risco de cancelamento. A própria empresa informou que vai cancelar todos os vôos que não tenham pelo menos 50% de ocupação. As demais companhias aéreas não são obrigadas a endossar os bilhetes de passageiros que não voarem pela Vasp. As medidas adotadas pela empresa não tiveram reflexo no Paraná, porque a empresa não opera no Estado desde outubro passado.

O DAC (Departamento de Aviação Civil) acompanha o caso de perto. Segundo o DAC, inspetores acompanham as condições técnicas e também a freqüência do serviço, que poderá ser suspenso.

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A estratégia de cancelar vôos com baixa ocupação já havia sido utilizada no ano passado pela Vasp. Na ocasião, a empresa foi obrigada a reduzir a malha aérea, pois vinha cancelando vários vôos por dia. Ontem, por exemplo, a companhia operou um vôo que chegou ao aeroporto de Salvador (BA) às 9h25. O avião, que deveria seguir depois para Natal (RN) e Fortaleza (CE), continuou parado.

"A Vasp informa que continua sua operação com normalidade, determinando eventualmente apenas o cancelamento daqueles vôos com menos de 50% de ocupação. A companhia manterá suas operações dentro do quadro acima descrito e prosseguirá suas atividades em caráter normalíssimo", diz a nota da Vasp.

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Descontos

Após cancelar vários vôos neste final de semana, a Vasp decidiu fazer uma "liquidação" de bilhetes aéreos. Batizada de "promoção relâmpago", a campanha oferecia descontos para quem comprasse bilhetes ontem e hoje.

A central de reservas da Vasp informa, por exemplo, que o vôo São Paulo-Fortaleza está sendo vendido por R$ 399 durante a promoção. Em outras companhias, o mesmo vôo não sai por menos de R$ 820.

O vôo da ponte aérea também custa menos na Vasp: R$ 268. Nos concorrentes, o bilhete custa cerca de R$ 100 a mais.

Crise na VASP

Dívidas e cancelamentos de vôos

VÔOS CANCELADOS

Todos que sairiam em 24/1/05 dos aeroportos de Cumbica, Congonhas, Tom Jobim e Santos Dumont.

Vôos dos dias 22/1/05 e 23/1/05.

MOTIVO

A Vasp divulgou uma nota dizendo que não irá realizar nenhum vôo que não tiver mais da metade da capacidade preenchida. O comunicado afirma que as operações da empresa não foram suspensas e confirmou o atraso no pagamento dos salários de seus empregados.

OUTROS PROBLEMAS

A ponte aérea Rio-São Paulo não é vendida há meses.

Nenhum vôo da empresa no aeroporto de Congonhas está operando em janeiro.

O QUE FAZER

Os passageiros que tiveram seus vôos cancelados poderão fazer queixas no DAC ou na Justiça.

A Vasp afirma que oferece reembolso integral para os passageiros que não aceitarem viajar na data escolhida pela empresa.

PENALIDADE

O Departamento de Aviação Civil (DAC) vai pedir explicações à empresa, que poderá perder a concessão caso não volte a voar em 180 dias.

DÍVIDA

A Vasp deve R$ 777 milhões à Infraero, que também vai cobrar na Justiça R$ 11,5 milhões em tarifas de embarque cobradas dos passageiros pela empresa e não repassadas ao órgão.

ENTENDA A CRISE

1991: O empresário Wagner Canhedo, presidente da Vasp, comprou a companhia aérea do governo de São Paulo. Ao todo, foram 60% das ações, por US$ 44 milhões. Na época, a Vasp era a segunda maior companhia aérea brasileira no mercado doméstico.

1997: A frota, adquirida na década de 70, com 31 aviões (os mesmos até hoje), começou a sofrer panes.

2004: Em setembro, dez dos 36 aviões estavam parados. O governo deu um prazo de seis meses para a companhia se reestruturar, renovando sua concessão até 10 de abril de 2005. A Infraero começou a cobrar diariamente o pagamento das diárias de pouso e decolagem.