Foto: Arquivo/O Estado |
Aviões da Varig terão que retomar as linhas antigas. |
O diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, informou que o órgão rejeitou o pedido da Varig para suspender todos os vôos domésticos e internacionais até 28 de julho, com exceção da ponte aérea Rio-São Paulo. Ele explicou que este tipo de solicitação precisaria ser feito com antecedência e só chegou à Agência anteontem, às 22h30. ?Houve um equívoco da empresa ao paralisar sem a devida autorização?, disse Zuanazzi, em entrevista.
O presidente da Anac informou ainda que a Varig retomou ontem à tarde os 10 vôos que operava antes do leilão de venda da companhia, sendo cinco nacionais e cinco internacionais. A empresa aérea também depositou recursos na Câmara de Compensação do Sistema Aéreo, permitindo o endosso de bilhetes para atendimento de passageiros da Varig em vôos de outras empresas.
Zuanazzi disse que a Anac aceitou prorrogar o plano de emergência da Varig por mais sete dias. Apesar de não ter cumprido o rito necessário ao solicitar a suspensão temporária dos vôos, Zuanazzi não previu punições para a Varig neste momento.
VarigLog
Também ontem, o presidente da VarigLog, que comprou a Varig, João Luis Bernes de Souza, disse que ?não se faz omelete sem quebrar a casca do ovo?, mas que ?a gente tem que olhar o lado positivo?. Assegurou, ainda, que não haverá ?grandes traumas sociais, como à primeira vista possa parecer?. A VarigLog realizou ontem seu primeiro dia de operações com a Varig.
Souza afirmou que, em um primeiro momento, será realizado um balanço da frota para saber as condições em que se encontra cada avião, seus contratos, seus leasings, sua parte técnica e, principalmente, as negociações. ?Nós temos pela frente uma equipe exclusivamente dedicada às relações com os donos dos aviões.? Ele prevê que nos próximos 15 ou 20 dias já se terá definido o tamanho da frota e os tipos de aviões que a compõem. ?O trabalho com os donos dos aviões, principalmente os norte-americanos, é que vai definir os nossos próximos passos?.
Ele afirmou que o propósito é retomar uma empresa de 40 ou 50 aviões o mais rápido possível, ?para que aí a gente possa ocupar o espaço que precisamos no sentido de reconstruir a Varig?.
Justiça americana mantém proteção contra arresto
Rio (AE) – A Varig obteve nova proteção contra o arresto de aviões e a execução de dívidas anteriores a junho de 2005 na Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York. O juiz Robert Drain, diferente das outras vezes, desta vez dividiu a decisão em duas etapas. Ele ordenou a realização de uma nova audiência no dia 13 de setembro e, posteriormente, prorrogou a liminar até um dia depois, 14 de setembro.
A medida foi tomada porque, diante da venda da Varig para ex-subsidiária VarigLog, o juiz quer dar tempo hábil para que o plano de negócios com base na venda da empresa possa ter uma tradução apropriada para os credores, que chegaram a reclamar de outras traduções de documentos referentes ao caso. Com a venda da Varig e já mostrando-se disposto a prorrogar a liminar, o juiz fez um desabafo ao afirmar que, diante da resolução, ?todos estão merecendo longas férias (do caso da Varig) após os últimos acontecimentos?.
Drain certificou-se de que o pedido do advogado da Varig em Nova York, Rick Antonoff, tratava-se apenas da liminar temporária, uma vez que os credores continuam opondo-se ao pedido inicial para a obtenção de uma liminar permanente. Com o esclarecimento deste ponto, nenhum credor foi contrário ao prolongamento da proteção temporária para a Varig. ?Assim, estou preparado para prolongar a liminar?, concluiu o juiz.
Antonoff terá de informar aos credores e à Varig caso os planos de venda da empresa para a VarigLog sejam alterados. Neste caso, deverá enviar um documento explicando a mudança a todos os envolvidos. Contudo, William Rochelle, representando a Mitsui, reclamou ao juiz sobre as traduções de documentos relacionados ao caso e pediu que houvesse certificação de que fosse apropriada. Rochelle ainda voltou a afirmar que os dois aviões de seu cliente ainda estavam em uso pela Varig, contrariando a decisão da Corte de Nova York para o retorno ordenado das aeronaves por meio do Plano de Contingência de Retorno de Aeronaves.