A Varig comunicou ontem a demissão de 5 500 funcionários, do contingente total de 9.485 pessoas que trabalham no País. Por meio de comunicado, a companhia informou que 3.985 trabalhadores serão mantidos. Esse total inclui funcionários que não podem ser cortados porque têm imunidade sindical, estão em licença maternidade ou férias, por exemplo.
Estão nesse grupo os 50 trabalhadores que serão aproveitados pela Varig antiga, que permanece em recuperação judicial para amortizar o passivo de R$ 7,9 bilhões. A Varig não soube informar se a quantidade de empregados que serão preservados é a necessária para manter em operação a mesma quantidade de rotas.
Originalmente, a VarigLog havia anunciado que iniciaria as operações da Varig com uma frota de 15 aviões e 1.680 funcionários. Ainda não está claro se o planejamento foi modificado ou se haverá nova leva de demissões, já que a diferença entre o total anunciado no início do processo de venda e hoje para os empregados que ficarão na empresa é de 2.305. A Varig admite que novos cortes poderão acontecer.
Entre os funcionários, corriam rumores de que as demissões serão concentradas no Rio, onde há o maior número de funcionários que integram a tripulação das aeronaves. De acordo com fontes, também está em pauta a possibilidade de transferência da sede da companhia do Rio para São Paulo.
Por meio de comunicado, a Varig informou que "a reestruturação do quadro de pessoal não vai atingir as operações da Varig", que está fazendo vôos regulares com 10 aviões para sete cidades no mercado doméstico e outras duas no exterior. Em e-mail enviado aos funcionários, o presidente da Varig, Marcelo Bottini, informou que as demissões começam a ser anunciadas pelas chefias de cada departamento.
Para os que não possuem local físico de trabalho, o aviso será feito por correspondência. A companhia lembra que há um "compromisso de contratação paulatina" dos empregados, conforme a retomada do crescimento da empresa.
Nos próximos 60 dias, o plano da VarigLog é ampliar a frota da Varig para 30 aeronaves, conta uma fonte da ex-subsidiária. Para isso, foi contratada a consultoria Seabury, especializada em planejamento de frotas e negociação de arrendamento de aeronaves (leasing). A estimativa de futuras contratações relatada pela VarigLog ao Sindicato Nacional dos Aeronautas é de até 110 funcionários para cada aeronave.
"Estamos cumprindo o que foi estabelecido no plano de recuperação apresentado. Nós mandamos o comunicado hoje para informar os funcionários. As demissões já começaram a ser feitas desde o leilão. As chefias é que serão responsáveis por informar aos funcionários. Não haverá uma lista única, com o nome de todos os demitidos. Isso é papo de corredor", afirmou Bottini.
O presidente do Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo Uébio José da Silva, diz ter entrando quinta-feira no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), do Rio, pedindo o arresto dos US$ 75 milhões depositados pela VarigLog para oficializar o arremate da Varig. Segundo ele, o dinheiro seria usado para pagar salários de funcionários, que estão atrasados desde abril, mais verba de rescisão contratual.
Os funcionários do check-in da Varig no Aeroporto Internacional de Guarulhos entraram em greve desde às 16 horas de ontem, informa o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac), Celso Klafke. Segundo ele, a paralisação continuará até que a companhia decida quais empregados serão mantidos e pague os quatro meses de salários atrasados.
Nos aeroportos de Congonhas, Porto Alegre e Curitiba, os empregados do check-in também realizaram novas manifestações e paralisações para exigir a informação de como serão honradas as rescisões trabalhistas, estimadas em R$ 170 milhões.