As vendas do varejo no Dia dos Pais de 2015 caíram principalmente em função do cenário macroeconômico adverso ao consumo, com juros e inflação elevados e renda e confiança dos consumidores em baixa. Esse é o diagnóstico traçado pelas principais instituições que medem a atividade no comércio e que apontaram um desempenho ruim para as vendas neste ano.
A Serasa Experian aponta a primeira queda nas vendas na semana que antecede o Dia dos Pais desde 2005, quando começou a calcular o indicador. Segundo a instituição, o recuo no comércio de todo o País foi de 5,1% entre 3 e 9 de agosto deste ano na comparação com o período de 4 a 10 de agosto do ano passado.
Em 2014, o avanço nas vendas nessa comemorativa havia sido de 2,1%, o que confirmava uma tendência de desaceleração desde 2011, quando o comércio no Dia dos Pais havia sido 8,8% superior ao de 2010, de acordo com a Serasa. Os economistas da instituição apontam a alta da inflação e dos juros no crediário, além do aumento do desemprego e da queda da confiança dos consumidores, como fatores que “afetaram negativamente o desempenho do varejo neste Dia dos Pais”.
Já pelos cálculos do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), o Dia dos Pais de 2015 representou a segunda queda nas vendas, mas o resultado é o pior em seis anos. A magnitude da retração das consultas para vendas a prazo, que sinalizam o ritmo do movimento no comércio, segundo as duas instituições, foi de 11,21%, mais intensa que a retração percebida em 2014, de 5,09%.
Além do contexto macroeconômico adverso, SPC Brasil e a CNDL observam que um levantamento prévio já apontava a preferência pelo pagamento a vista, o que potencializa a queda mostrada pelo indicador de consultas para vendas a prazo. Destacam ainda que o resultado corrobora a tendência de queda já observada em outras datas comemorativas de 2015, como Dia dos Namorados (-7,82%), Páscoa (-4,93%) e Dia das Mães (-0,59%).
A Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), por sua vez, calcula que o recuo na venda foi mais brando, de 0,8%. Pelos cálculos da instituição, porém, esta variação negativa é suficiente para derrubar o faturamento do varejo em 4,5%, o equivalente a R$ 1,8 bilhão a menos que na semana que antecedeu o Dia dos Pais no ano passado.
Os economistas da Boa Vista destacam, em nota, que “a redução do ritmo de crescimento no Dia dos Pais em 2015 segue a tendência do movimento observado nas demais datas comemorativas, acompanhando a desaceleração das vendas no varejo em geral”.