O comércio varejista registrou em julho perdas generalizadas entre os oito segmentos investigados, na comparação com o mesmo mês de 2015, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As vendas recuaram 5,3%, com destaque para a retração nas atividades de Móveis e eletrodomésticos (-12,4%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-11,6%), segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio.
Os demais resultados negativos foram em Combustíveis e lubrificantes (-9,9%), Tecidos, vestuário e calçados (-14,2%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-18,6%), Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-12,9%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-3,2%). O volume de vendas do setor de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo teve ligeira queda de 0,1% em julho ante julho de 2015.
“Supermercados seguraram um pouco o resultado”, avaliou Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
Os supermercados tiveram o resultado menos negativo desde janeiro de 2015, quando as vendas cresceram 0,2%.
Já no varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, a queda de 10,2% em julho em relação ao mesmo mês de 2015 foi o pior resultado para o mês dentro da série histórica da pesquisa, iniciada em 2001. Tanto veículos quanto material de construção intensificaram o ritmo de queda.
As vendas de veículos e motos, partes e peças diminuíram 20,0% em julho após recuo de 15,2% em junho. O segmento de material de construção recuou 12,6% em julho depois de uma perda de 9,6% em junho.
Repasse de aumentos
Segundo Isabella, apesar da resistência da inflação de alimentos, os supermercados estão conseguindo repassar os aumentos de preços para o consumidor, o que evitou perdas maiores no volume vendido pelo setor.
Em julho, o volume vendido pelo comércio varejista recuou 5,3%, o pior desempenho para o mês da série histórica, iniciada em 2001. No setor de supermercados, entretanto, a redução de 0,1% foi bem menos intensa.
“A receita dos supermercados está alta, mas a inflação está alta também. Então, em termos de volume, fica quase igual. Eles estão garantindo a receita”, apontou Isabella.
Segundo a gerente da pesquisa, o setor provavelmente está roubando vendas de outras atividades, uma vez que comercializa itens de primeira necessidade e consumo contínuo. “Quem está comprando alimentos em julho de 2016 está pagando 16% a mais do que em julho de 2015”, acrescentou Isabella.
Mesmo que os preços estejam mais elevados, há um limite para o corte de gastos com alimentação. Mas é possível economizar com outros itens, como bens duráveis, ressaltou a gerente do IBGE. “Você deixa de consumir coisas mais caras, sobra mais para gastar em atividades que não têm como cortar, como supermercados”, disse ela.
Na avaliação de Isabella, a retração nas vendas do varejo é consequência de uma piora no mercado de trabalho e na conjuntura econômica. Logo, uma recuperação no setor também depende da melhora dessas variáveis.
“A evolução do mercado de trabalho mostra condições de piora. A carteira de trabalho diminui, o total de desocupados aumenta, o rendimento cai, a massa de salários cai”, lembrou.
Estabilização na margem
As vendas no comércio varejista mostram uma tendência de estabilização na margem, mas ainda não é possível falar em recuperação, segundo Isabella Nunes. “Na margem (comparação com o mês imediatamente anterior), você observa vendas mais estabilizadas. Mas a recuperação é relativa, porque o varejo opera no mesmo patamar de 2012”, lembrou Isabella.
As vendas no varejo estão 11,9% abaixo do patamar histórico mais elevado, que foi registrado em novembro de 2014. Já o varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, opera 20,2% abaixo do ponto mais alto, que foi em agosto de 2012. “É uma convergência para a estabilização”, definiu a gerente da pesquisa.