O avanço da inflação varejista (de 0,39% para 0,69%) foi a principal contribuição para a taxa maior da primeira prévia do IGP-M, que saltou de 0,79% para 0,83% de novembro para dezembro. A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Ele explicou que, no caso da inflação percebida junto ao consumidor, o destaque mais uma vez ficou por conta dos alimentos, cuja elevação de preços se intensificou (de 0,85% para 1,43%) no período.
Quadros comentou que o varejo ainda sente o efeito do repasse dos aumentos de preços das matérias-primas agropecuárias no atacado, ocorridos em novembro. A carne no varejo continua em alta, com destaque para a alcatra (8,22%).
No entanto, o especialista fez uma ressalva: os preços dos alimentos não são os únicos em alta no varejo. Outros tipos de preço, não relacionados à alimentação, também estão subindo, principalmente os ligados às atividades de serviços. É o caso, por exemplo, de passagens aéreas, que saíram de uma queda de 5,47% em novembro para um avanço de 10,48% em dezembro. “Os preços do vestuário também estão acelerando (de 0,86% para 1,19%), visto que acabou o tempo de liquidações”, acrescentou o analista.
Na prática, na avaliação de Quadros, o que ocorre com os preços vistos pelo consumidor atualmente é coerente com o resultado do núcleo da inflação varejista, anunciado na semana passada e que exclui as principais quedas e as mais expressivas altas de preço no varejo. Em novembro, o núcleo subiu 0,43%, ante alta de 0,41% em outubro. “Tivemos um núcleo, em novembro, em um patamar não muito confortável. Isso mostra realmente que temos altas de preço mais espalhadas junto ao consumidor”, afirmou Quadros.