Varejo parcela vendas, mas mantém juro no alto

Rio – As reduções da taxa básica de juros do governo acirraram a concorrência entre os varejistas para a reconquista de clientes. A arma de ataque das grandes redes passou a ser o parcelamento sem juros em , dez ou até 12 vezes no cartão de crédito. Já os planos sem acréscimo no carnê ou cheque vão até seis prestações. Mas, neste clima de disputa, o consumidor deve estar atento: na ponta do lápis, esses parcelamentos podem embutir juros de até 12,8% ao mês.

É o que constatou o economista Roberto Zentigraf, coordenador do curso de Finanças Pessoais do Ibmec em analises dos preços anunciados pelas empresas e os negociados à vista entre clientes e vendedores. No caso de um conjunto de cozinha Itatiaia (armários de pé e de parede), o valor fica em R$ 448, com a facilidade do pagamento em três parcelas sem juros (entrada, mais duas). Na pechincha, o preço pode baixar para R$ 399 à vista. A diferença, segundo Zentgraf, esconde uma taxa de mais de 12%.

O mesmo acontece com o consumidor desatento que se anima com o plano do refrigerador Bosch oferecido à vista por R$ 2.349 ou em cinco prestações de R$ 472,80 (incluindo taxas de cadastro). Na negociação com o vendedor, ele consegue levar o produto à vista por R$ 1.899. Essa diferença mostra juros embutidos de 12,33%, no caso do plano sem entrada, segundo cálculos do economista.

– O consumidor deve ser orientado e alertado sobre estes planos. Eles podem encobrir taxas absurdas, se comparadas com as da poupança, que ficaram em apenas 1,05% em julho – afirmou Zentgraf.

Sob a pressão dos aumentos dos preços e dos juros, o brasileiro ficou mais consciente da necessidade de pesquisar em várias lojas antes da compra. Cientes da renda apertada, as empresas ainda oferecem planos sem entrada, com juros de até 12,07% ao mês (ou 293,53% ao ano) para as compras no cheque ou carnê. O sistema é mais procurado pelo consumidor de baixa renda, que procura saber apenas se a prestação não pesará no seu orçamento

Os planos que mais têm atraído são os anunciados sem juros (alguns produtos). Mas no afã da compra, o cliente pensa que está comprando pelo valor à vista. Mas, segundo Zentigraf, o juro está mascarado na entrada, nas prestações e na diferença do preço negociado para pagar de uma vez. Há lojas que mantêm os mesmos valores a prazo e à vista e, neste caso, o consumidor deve pesquisar nas lojas antes de levar o produto.

– Esta análise é recomendável também para carros, roupas ou qualquer produto oferecido no crediário. Se puder, o consumidor deve comprar à vista. A segunda opção pode ser guardar o dinheiro na poupança para comprar depois e se a compra for urgente, ele deve procurar as melhores condições de preço e do crediário – frisou.

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