Viavarejo e Walmart, duas das maiores redes varejistas brasileiras, descartam o repasse imediato de uma possível alta dos juros básicos da economia, a taxa Selic, no financiamento aos consumidores. No mercado financeiro, cresce a expectativa de aumento dos juros como forma de combater o avanço da inflação.
O diretor de Serviços Financeiros do Walmart, Carlos Caldas, pondera que existe uma diferença entre a Selic e a taxa aplicada aos clientes. “A alta dos juros na ponta (consumidora) vai depender de quanto a Selic subir. Nas conversas com bancos, temos a percepção de que o juro não vai ter uma grande alta, em parte pela agenda política”, afirmou.
Caldas reforçou que alta dos juros na ponta tem um impacto na venda, sobretudo de bens duráveis. “Do ponto de vista do consumidor, isso (alta dos juros) leva o consumidor a ter menos renda para compra.”
O diretor de Crédito e Cobrança da Viavarejo, controladora das bandeiras Casas Bahia e Ponto Frio, Paulo Santos, afirma que a estratégia do varejo é ampliar a eficiência dos processos para compensar uma eventual necessidade de repasse da Selic na ponta ao consumidor, que reduz a margem financeira da operação de crédito. “Hoje atuamos com ferramentas para uma melhor análise do crédito”, disse.
Santos acrescentou que a empresa também não trabalha com a hipótese de um repasse da Selic aos consumidores nos financiamentos. “O cliente está mais atento às taxas de juros. E o varejo está se adaptando a essa nova realidade”, ressaltou.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne na próxima semana e decide se deixa a Selic no patamar atual de 7,25% ao ano. Existem apostas no mercado de alta da taxa de 0,25 ponto porcentual nesse encontro.
Os executivos falaram durante palestra sobre tendências entre as parcerias do varejo com bancos, na 18ª edição da Cards Payment & Identification.