A forte valorização de várias moedas de países emergentes preocupa o Banco de Compensações Internacionais (BIS). Em seu relatório anual, o banco central dos bancos centrais diz que, embora a tendência contribua para a queda da inflação nessas economias, pode criar também aspectos negativos.

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"Uma preocupação é seu impacto adverso na competitividade e no setor de bens comerciáveis", afirma a entidade com sede na Basiléia, Suíça. "A outra é que, ao conter aumentos dos juros, pode estimular os preços dos bens não comerciáveis a subirem, especialmente aqueles relacionados ao setor imobiliário residencial." Além disso, "pressões pela valorização da moeda podem ser facilmente revertidas, o que pode então exigir elevações nas taxas de juros"

O BIS observa que, entre dezembro de 2004 e março de 2007, o real brasileiro acumulou uma valorização real de 34%. Na Ásia, a apreciação no mesmo período foi superior a 10% na Coréia do Sul, Malásia e Tailândia, e acima de 20% na Indonésia. "Ao contribuir para a desinflação e reduzindo a demanda agregada, a valorização cambial real pode ter oferecido espaço para um número de países reduzir suas taxas de juros ou implementar outras medidas de relaxamento monetário", diz o relatório. "Em alguns países essas pressões parecem ter sido suficientemente grandes para induzir as autoridades a reduzir as taxas de juros para frear fluxos de capitais indesejados.

Custo das reservas

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O texto do BIS afirma que muitos governos de países emergentes também tentam conter a valorização de suas moedas através de "pesada intervenção" nos mercados de câmbio. Isso, por sua vez, resultou no acúmulo de grandes volumes de reservas estrangeiras e na necessidade de "esterilizá-las", o que resulta em custos. "Em vários países, incluindo a China, a esterilização através de altas nas reservas e vendas de títulos de bancos centrais tem se mostrado cada vez mais difícil e sujeita a efeitos indesejados", disse. "Reservas que pagam menos que as taxas de mercado são efetivamente um imposto sobre os bancos.

Segundo o BIS, "esterilizações" e outras medidas – como o controle da entrada de capitais ou estímulos para a saída – não têm sido totalmente eficientes em conter a liquidez criada pelos fluxos de moeda estrangeira. "Na verdade, numa análise em vários países desde 2003, a acumulação de reservas parece ter sido associada ao rápido crescimento da base monetária e de crédito, e maior inflação", diz o relatório. "Embora tais correlações precisem ser interpretadas com cautela, elas reforçam a impressão de que condições monetárias relativamente relaxadas, associadas com pressão de alta sobre a moeda, podem causar uma inflação mais elevada.

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O BIS salienta também que a influência dos investidores estrangeiros sobre os ativos dos mercados domésticos dos emergentes pode ser maior do que o sinalizado pelos fluxos de investimentos que entram em cada país. "Em parte, porque esse investidores podem ter aumentado sua participação no controle dos ativos emergentes", disse. "Além disso, o posicionamento em ativos emergentes via transações com derivativos pode não ter sido totalmente contabilizado.

Mais moderado

O relatório do BIS prevê que o crescimento dos países emergentes neste ano será um pouco mais moderado do que no ano passado, quando atingiu 7,4%. "Uma desaceleração limitada é esperada para algumas economias que têm registrado forte crescimento nos últimos anos, como a China, Índia e Argentina", disse. "No Brasil, onde o persistente crescimento lento tem sido uma preocupação de médio prazo, a atividade ganhou ritmo no ano passado e deve se fortalecer ainda mais em 2007.

Segundo o BIS, há dois principais riscos para a perspectiva benigna para os emergentes. "Um claro desaquecimento na economia dos Estados Unidos poderia reduzir o crescimento substancialmente", disse. "O outro risco é de uma alta inflacionária.

Entre os países cuja escalada dos preços causa preocupação, foram citados a Argentina, Rússia e Venezuela. No caso do Brasil o BIS salientou que houve uma nítida melhora da inflação.

A instituição observa que um dos fatores importantes para se tentar avaliar se as pressões inflacionárias vão continuar é o "hiato na produção" de cada país. "Por exemplo, no Brasil, que recentemente teve desinflação, as taxa de capacidade de utilização têm sido comparativamente altas, na vizinhança dos 82%", disse. Na Índia, a taxa está próxima de 100% e, em muitos países, o crescimento está acima de seu potencial. "Políticas monetárias relativamente relaxadas poderiam aumentar os riscos de inflação futura em vários emergentes", alerta o BIS.