O diretor executivo de ferrosos da Vale, José Carlos Martins, afirmou que a situação em torno da negociação de preço do minério de ferro para 2010 é, hoje, bastante positiva para as mineradoras.
Segundo ele, a demanda hoje pelo insumo está ainda mais aquecida do que antes da crise financeira mundial, que teve seu ápice em setembro de 2008, quando a Vale chegou a tentar negociar na Ásia um reajuste adicional de 12% com as siderúrgicas para equiparar seus preços com as concorrentes australianas.
“A situação atual é parecida ou até mais apertada”, avaliou o executivo, que não quis adiantar detalhes dos rumos da negociação do preço que irá vigorar em fornecimento de longo prazo em 2010.
Ele lembrou, entretanto, que é preciso que os dois lados (mineradoras e siderúrgicas) zelem por suas relações comerciais durante o processo de negociação, para que nenhum dos lados se “prevaleçam” de situações de mercado.
Frota
Martins acredita que a decisão da companhia de investir em uma frota própria de navios para a China atingiu seu objetivo ao influenciar uma queda de preço no mercado à vista.
“A frota da Vale acabou tirando uma parte da demanda do mercado spot de frete”, afirmou. O executivo lembra que essa mudança de estratégia é positiva para as siderúrgicas chinesas, que agora podem se beneficiar de custos mais baixos com transporte.
“Existia um volume grande de minério que ia para China com frete comprado no mercado spot. À medida que a Vale contratou uma frota de longo prazo, diminuiu a demanda no spot, que migrou para os contratos de longo prazo. Isso trouxe uma certa estabilidade ao preço do frete”, explica.
Segundo ele, essa nova dinâmica permitiu manter o valor do transporte em queda apesar do cenário de maior aquecimento da demanda por minério de ferro para China.
Em meados de 2008, quando a demanda pelo produto era forte e a Vale ainda não havia implementado sua nova política de transporte, o minério de ferro chegou a ser cotado no mercado à vista próximo a US$ 200 por tonelada. Hoje, o valor está na faixa de US$ 130 por tonelada.
“Esse diferencial era em grande parte absorvido pelo custo de transporte. (…) Mas, na minha visão, o preço ainda é muito acima do razoável”, disse. E completou: “O frete hoje está na faixa de US$ 35 (por tonelada no spot) e o contrato de longo prazo de frete está na faixa de US$ 20. Ainda se tem um diferencial grande entre os dois.”