Uma semana após a Vale informar ao mercado que a oferta bilionária de ações poderia ser usada para ?futuras aquisições?, o presidente da mineradora, Roger Agnelli, preferiu adotar ontem um tom inverso ao das especulações de mercado, que já dão como certa a compra de um ativo de peso. ?Nós não vamos comprar nada, ninguém, estamos quietos, o que a gente quer agora é fazer a operação de aumento de capital, realizar nossos investimentos, que é um desafio enorme?, afirmou Agnelli após palestra no Encontro de Conselheiros 2008 promovido pela Previ.
Segundo ele, a oferta de até US$ 15 bilhões em ações, prevista para 15 de julho, tem como objetivo reforçar o caixa da companhia para dar suporte a escalada dos custos nos planos de investimentos. A captação, a maior já feita no Brasil, teria como objetivo apenas buscar uma flexibilidade financeira. ?É só isso. Nós temos um volume de investimentos para os próximos anos que exige prudência.
Agnelli admite, porém, que o número de análise de ativos e possibilidade de investimento pela empresa cresceu. Entretanto, foi enfático ao afirmar que o foco hoje da mineradora é o crescimento orgânico. ?Qualquer aquisição ou possibilidade de negócios maiores a gente tem por obrigação avaliar. Mas, não tem nada, absolutamente nada em vista?, disse.
Desde que a Vale anunciou a captação de recursos de até US$ 15 bilhões, o mercado vem especulando sobre os novos passos da empresa. As apostas, até o momento, são de que a empresa se prepara para uma grande aquisição, após a tentativa frustrada de compra a mineradora anglo-suíça Xstrata. Os nomes mais comentados dos possíveis alvos da Vale são a britânica Anglo American, a quarta maior mineradora do mundo, a americana Freeport-MacMoRan, segunda maior produtora global de cobre, e a americana Alcoa, segunda do mundo na produção de alumínio.