O caso de vaca louca nos EUA pode reduzir o consumo de carne vermelha no mundo, favorecendo o mercado de aves e suínos. A avaliação é do analista Alcides Torres, da Scot Consultoria em Bebedouro (SP). ?As pessoas podem ficar com medo de se contaminar e buscar produtos alternativos. Foi o que aconteceu na Europa e no Japão após os primeiros surtos da doença?, afirma Torres.
Ele diz que a queda do consumo por causa do problema só poderá ser dimensionada nos próximos meses. Devido ao período de férias e feriado do Ano Novo, o consumo de carne bovina cai tradicionalmente.
Para o analista, os EUA vão conseguir superar a crise. ?Eles vão tirar de letra. Já isolaram o animal contaminado e vão tomar as medidas necessárias para resolver o problema.?
Para Torres, há atualmente uma ?histeria coletiva? em torno do caso de vaca louca nos EUA. ?Há estudo que aponta que a chance de uma pessoa se contaminar com a doença da vaca louca é de uma em 40 milhões. Para se ter idéia, a chance de pegar uma doença sexualmente transmissível é de uma em 4 milhões?, diz Torres, citando levantamento de uma associação americana de fazendeiros.
Médio prazo
Para o analista da Scot, o Brasil poderá aumentar suas exportações de carne bovina para México, Japão e Coréia do Sul, aproveitando-se da crise na pecuária americana.
?São países clientes dos EUA que podem comprar mais a carne brasileira para cobrir o espaço deixado pelos americanos.?
Até os EUA devem comprar mais a carne brasileira, segundo Torres. Ele diz que, antes do caso da vaca louca, já estava previsto em 2004 um embarque de carne ?in natura? para os EUA.
?Poderemos continuar exportando carne in natura para os EUA em um volume ainda maior em 2005.?
Ranking
Segundo o analista da Scot, o Brasil terminou 2003 como o maior exportador mundial de carne bovina. Esse posto é revezado com os EUA e a Austrália.
Mas Torres destaca as diferenças entre esses três rebanhos. Na Austrália, o foco é o mercado externo: 65% da carne é exportada. Já o Brasil exporta 16% do que produz, enquanto nos EUA essa fatia é de só 10%. Além disso, os americanos importam muita carne.
O analista diz que o potencial de crescimento das exportações de carne é bem maior. Ele cita uma previsão da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), no qual o Brasil será o principal fornecedor de alimentos para o mundo nas próximas décadas.
?A Austrália e a África são citados. Mas o problema é que, na Austrália, há um deserto, e os recursos naturais estão sendo esgotados. Na África, existe o problema político. É um continente em guerra.?
