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Uso de pontos prestes a expirar exige estratégia de clientes

Nem sempre é fácil se desfazer de milhas prestes a expirar – só em 2017, quase 34 bilhões de pontos foram perdidos. Pelo contrário: essa tarefa pode se transformar em uma verdadeira saga. Transferir as milhas para outra pessoa, vender em sites, resgatar produtos quaisquer para não perdê-las ou esperar expirar para depois reativá-las? A resposta pode variar, mas há um denominador comum: não há como escapar de muita pesquisa.

O advogado David Telles, de 38 anos, já exauriu todas as possibilidades na busca pela mais vantajosa. Usuário assíduo de programas de recompensa, ele se tornou uma espécie de “caçador” de boas oportunidades. De Brasília, onde mora, já foi com milhas a São Paulo, Porto Alegre, Fortaleza e até para Orlando. “Só este mês, vou fazer duas viagens com milhas”, conta.

Telles, que acumula de 7 a 10 mil pontos por mês, é categórico ao afirmar que transferir os pontos para outra pessoa em um mesmo programa de milhas é, para ele, a pior opção. “Se eu transferir 10 mil milhas, por exemplo, pago perto de R$ 600, R$ 700 – não vale a pena”, diz.

Ronald Domingues, diretor financeiro da Multiplus, explica que a transferência dentro dos programas é cara porque, quando as milhas trocam de dono, estende-se o prazo de expiração. “Quando alguém transfere os pontos na Multiplus, por exemplo, renova a sua validade por mais dois anos”, diz. Ele afirma que a empresa avalia possíveis melhorias nessa área.

A opção preferida de Telles pode parecer um contrassenso: deixar os pontos expirarem – para então reativá-los. Para renovar milhas expiradas, o usuário paga um valor – que também não é barato, mas pode compensar em ações promocionais. “Espero uma promoção que me dê 100% de bônus”, diz. Por exemplo: você paga para reativar 10 mil e fica com um total de 20 mil. “Aí vale a pena, pois cada milha sai pela metade do valor.”

Outra opção para quem faz parte de algum clube de milhas é fazer uma conta para a família, que permite somar a pontuação de mais usuários. “Estou fazendo uma para juntar os pontos da minha mãe e da minha esposa”, diz Telles. Mas, o mais importante, afirma, é buscar oportunidades com frequência. “Já fui a São Paulo por 3 mil pontos. O negócio é olhar sempre e ter paciência.”

Compra e venda

Além dos programas tradicionais, há uma espécie de “mercado secundário” que tem crescido – plataformas nas quais se pode vender milhas ou comprar passagens mais baratas. O lote mínimo costuma ser de 10 mil milhas – que vale, em média, de R$ 200 a R$ 300.

As empresas desse setor compram milhas vendidas pelos usuários e usam o estoque acumulado para emitir passagens, cobrando uma taxa. Na MaxMilhas, por exemplo, a comissão vai de 12% a 30%, a depender de fatores, como a companhia aérea.

“Antes, só juntava milha quem queria viajar. Agora, com a possibilidade de um ganho, mais pessoas passam a acumular”, diz Max Oliveira, fundador da plataforma. Ele afirma que, curiosamente, só 6% dos vendedores do site negociam pontos prestes a expirar. “A maioria acumula já pensando em vender.” O site tem 1,3 milhão de cadastrados.

Os programas de fidelidade reconhecem essas plataformas como um novo player no mercado. “A nossa ressalva é quanto aos dados, porque nem todos os sites são seguros e o usuário tem de compartilhar suas informações”, diz Leonel Andrade, presidente da Smiles. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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