O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) das indústrias exportadoras ficou em 81,4% em março, bem abaixo da média histórica de 84,6%, de acordo com informações da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Já o Nuci das indústrias voltadas ao mercado interno atingiu em março 86,2%, bem acima da média histórica de 81,8%.

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Para o coordenador de Sondagens Conjunturais da FGV, Aloisio Campelo, a reversão do quadro ocorreu no fim de 2008, quando teve início a crise financeira internacional. Ele disse que as empresas que exportam mais de 50% do faturamento foram prejudicadas pela queda da demanda externa e atualmente sofrem com o câmbio valorizado. Porém, como trabalham com planos plurianuais de investimento, ao longo dos anos elas investiram no aumento da capacidade instalada e hoje produzem menos do que poderiam e esperavam.

Já as indústrias voltadas ao mercado interno, na avaliação de Campelo, investiram muito pouco nos últimos anos em aumento de capacidade produtiva, tendência que foi revertida no ano passado. “É preciso ressaltar que o Nuci elevado está relacionado aos poucos investimentos feitos nos últimos anos”, explicou.

De acordo com Campelo, o aumento dos investimentos recente pode ser verificado por meio do Nuci da indústria de bens de capital. Em março do ano passado, o indicador estava em 82,8%, já acima da média histórica de 81,3%, e em março deste ano atingiu 84,8%. “Isso mostra que os investimentos estão sendo elevados e que a indústria está investindo para aumentar a competitividade”, afirmou.

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Por outro lado, a indústria de bens intermediários atingiu em março um Nuci de 85,6%, abaixo da média histórica de 86,2%. Em março do ano passado, o índice estava em 84,8%. “Esse é o segmento mais significativo da indústria de transformação e o mais afetado pela queda da demanda externo pelo câmbio valorizado”, afirmou

O Nuci da indústria de bens duráveis de consumo ficou em 88,5% em março, ante 90,9% no mesmo mês de 2010. A média histórica do setor é de 82%. “Esse é um exemplo do setor que investia muito pouco e que teve uma expansão muito forte nos últimos anos. Embora o patamar do Nuci do setor esteja alto, a tendência na margem não é ascendente”, ressaltou.

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O Nuci da indústria de bens não duráveis de consumo ficou em 81% em março, ante 81,4% no mesmo mês de 2010, bem próximo da média histórica de 80,8%. O Nuci da indústria de materiais para construção atingiu 89,6% em março, mesmo nível registrado em igual período do ano passado e acima da média histórica de 84,8%. “O setor continua beneficiado pelos programas do governo, como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o Minha Casa, Minha Vida”, afirmou.

Nos últimos três meses, no cálculo da média móvel trimestral da FGV, apenas a indústria de bens de capital registrou aceleração do Nuci. De acordo com Campelo, de forma geral não há pressão de gargalos ou de nível de atividade em nenhum setor industrial. Ele ressaltou ainda que o Nuci da indústria de transformação como um todo vem caindo praticamente sem interrupção desde junho de 2010, quando atingiu 85,5%.