A Copel deve colocar em funcionamento no final de julho a Usina Santa Clara, hidrelétrica com potência instalada de 120 megawatts, localizada no Rio Jordão, região Centro-Sul do Estado, cuja construção está sendo finalizada. Toda a parte civil da obra, como escavações e concretagem, já foi concluída. Estão em andamento os trabalhos de montagem eletromecânica das duas unidades geradoras e de instalação dos sistemas de supervisão e controle e de serviços auxiliares.
O estator do gerador da unidade um, estrutura metálica de 100 toneladas de peso com 8 metros de diâmetro por 5 de altura, já está a caminho do canteiro de obras, onde deverá chegar no final do mês, depois de viajar 2.500 km desde a fábrica, na cidade argentina de Mendoza. E, nos próximos dias, com o fechamento do túnel por onde o curso do Jordão vem sendo desviado, desde agosto de 2003, começará a ser formado o reservatório da usina cuja potência vai ser suficiente para atender a cerca de 300 mil pessoas. A barragem de Santa Clara está situada na divisa dos municípios de Pinhão e Candói, a 76 km de Guarapuava.
Investimentos
Santa Clara forma com a Usina Fundão, também de 120 MW e com operação prevista para julho de 2006, o Complexo Energético do Rio Jordão, a maior obra de geração de energia em construção no Paraná e o maior empreendimento individual do atual governo. O projeto todo vai demandar investimentos orçados em R$ 480 milhões e inclui duas pequenas hidrelétricas incorporadas a cada uma das barragens, que somam 5,9 MW de potência adicional.
As obras estão a cargo da Elejor Centrais Elétricas do Rio Jordão, empresa controlada pela Copel com 70% de participação, desde outubro do ano passado. A estatal assumiu o comando da Elejor por orientação do governador Roberto Requião, para dar sustentação ao crescimento do seu mercado consumidor, garantindo à população do Paraná direito de preferência aos benefícios proporcionados pela energia produzida no Estado.
Fundão
O cronograma da Usina Fundão guarda diferença de 12 meses em relação aos prazos do empreendimento de Santa Clara. Nesta obra, estão em andamento os trabalhos de escavação e limpeza do leito do rio, desviado no final de novembro de 2004, e a escavação do túnel de adução e dos condutos forçados. Em breve, começará a ser erguido o maciço da barragem, com 445 metros de comprimento na crista e altura máxima de 42,5 metros. Fundão está a cerca de 12 km abaixo de Santa Clara, seguindo-se o sentido do rio.
A energia produzida nas usinas do Complexo Energético do Rio Jordão será adicionada ao sistema elétrico interligado por três linhas de transmissão em 138 mil volts. Uma delas irá conectar a Usina Fundão à subestação Canteiro de Segredo, outra ligará Santa Clara à subestação Vila Carli, em Guarapuava, e uma terceira conectará a usina à subestação Guarapuava, todas da Copel. As duas usinas também estarão conectadas entre si por uma linha de tensão menor, em 34,5 mil volts.
Queda no preço suspende leilão de energia
O governo federal estuda a realização de novos leilões de energia, a ser entregue em 2008, 2009 e 2010, segundo a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. No último sábado, em São Paulo, foi realizado leilão para fornecimento de energia ?velha? a partir de 2008 e 2009. Só contratos com início em 2008 foram fechados, num total de R$ 7,7 bilhões. Em dezembro, R$ 72 bilhões em negócios haviam sido fechados no primeiro leilão do novo modelo do setor elétrico.
Há três tipos de energia no país: velha, produzida por usinas em funcionamento; nova, pertencente a usinas ainda no papel, e a ?botox?, gerada em usinas em operação desde 2000, embora sem contratos até o início de 2004, ano em que entrou em vigor o novo modelo do setor elétrico. A mais barata é a energia velha. A mais cara, a nova. A ?botox? pode ser vendida em ambos os leilões.
Os negócios para 2009 foram abortados automaticamente pelo sistema eletrônico da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), responsável pela fiscalização do leilão.
Apesar de a demanda não ter sido totalmente contemplada, a ministra considerou bom o resultado do leilão. ?Foi bom, consistente dos pontos de vista econômico e energético?, afirmou. ?Servimos a dois senhores. Do lado das geradoras, precisamos garantir a segurança da oferta, e, do lado dos consumidores, tarifas módicas.?
Problemas com 2009
O leilão de sábado começou às 10h30 e só terminou 17 horas depois, às 4h55 de domingo. O modelo de oferta adotado foi o ?reverso?, no qual os lances são feitos pelos vendedores. Ganharam, portanto, as geradoras que ofertaram energia pelo menor preço às distribuidoras.
A demora do leilão surpreendeu os agentes, que esperavam uma disputa tranqüila, devido à pouca quantidade de energia em jogo. Mas, após 45 rodadas de lances, o preço dos contratos referentes a 2009 havia caído 39,4%, de R$ 104 propostos inicialmente para R$ 63,30 – menos do que a energia contratada para 2006 no leilão anterior, fixada em R$ 67,33.
O deságio foi considerado excessivo por analistas. O temor era que houvesse influência no contrato de 2008, menina-dos-olhos das geradoras. Os contratos desse ano eram preferidos pelas geradoras, pois significariam injeção de recursos em prazo menor.
Logo no primeiro lance, uma ou mais geradoras teriam se retirado do leilão de 2009, o que reduziu em 50% o total de energia ofertada para o período. A maioria das geradoras preferiu esperar os negócios para 2008.
Como o leilão era feito pela intranet e o sistema tecnológico estava programado para interromper a venda se houvesse grande desequilíbrio entre oferta e procura, os contratos de 2009 foram excluídos, explicou a ministra.
Assim, o leilão foi interrompido às 22h10 do sábado e retomado às 23h35, com lances exclusivos para os acordos de 2008. No final, 34 empresas compraram 93 milhões de megawatts-hora (MWh). Isso equivale a 1.325 megawatts médios e a 4% do total de energia distribuída no Brasil.
Cada MWh foi vendido a um preço médio de R$ 83,13, ou 16% a menos do que a proposta inicial, fixada em R$ 99. O valor final está pouco acima dos R$ 75,46 o MWh contratados para 2007.
Para evitar distorções de oferta e demanda – e, por conseqüência, de preço – como as observadas no final de semana, o governo decidiu que, agora, contratos de anos diferentes serão leiloados em separado.