O presidente da Usiminas, Marco Antônio Castello Branco, confirmou nesta quinta-feira (2) que a companhia pretende recorrer da decisão da Justiça do Trabalho, que na última terça-feira determinou a suspensão das demissões pela siderúrgica. “Achamos que a liminar precisa ser revista, porque os fundamentos sobre os quais ela está se baseando, de que não houve negociações e demissões em massa não é verdade. Por isso que pretendemos que a liminar seja colocada no contexto da realidade e não da especulação”, disse.
A Usiminas e outras seis empresas prestadoras de serviços à siderúrgica estão proibidas de demitir desde a última terça-feira por força de uma liminar concedida pelo desembargador Caio Luiz Vieira de Melo, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 3ª Região. O desembargador acatou os argumentos do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga (Sindipa) de que houve demissão em massa na companhia e nas empresas terceirizadas.
Castello Branco reiterou que, em razão da necessidade de adequação dos quadros à nova realidade econômica, as demissões só pararam por força da liminar, mas devem continuar. Nos três primeiros meses deste ano, conforme o presidente da companhia, foram desligados 908 funcionários próprios. “Não se cria emprego por decisão judicial, precisamos de mercado, demanda e crescimento e estamos contribuindo para este crescimento, mantendo os investimentos, à medida das nossas necessidades”, disse.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga (MG) contestou os números e informou que já são 1,5 mil os empregados demitidos, envolvendo também as empresas terceirizadas. De acordo com a entidade, outras 800 dispensas aguardavam homologação e já haviam sido agendadas para os meses de abril e maio. “Eu fico muito surpreso com a desinformação que determinados setores têm interesse em propagar. A Usiminas está fazendo um processo de adequação de seus quadros, seus efetivos à crise econômica”, disse. Ele reiterou que a siderúrgica paralisou três dos cinco altos-fornos instalados em Ipatinga (MG) e Cubatão (SP). “Considero injusto e caluniador dizer que a Usiminas está fazendo demissões em massa”, afirmou o executivo.
Pela decisão da Justiça do Trabalho, as empresas terão até 23 de abril para justificar as demissões e estabelecer novos critérios para o desligamento de funcionários junto ao sindicato, quando então será realizada uma nova audiência na Justiça do Trabalho, na Comarca de Coronel Fabriciano (MG). Neste período, novas dispensas estão proibidas.
IPI
A prorrogação do acordo de redução do Imposto sobre os Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre automóveis novos, para o final do mês de junho, não irá levar a Usiminas a rever as projeções de queda nas vendas de produtos siderúrgicos, conforme o presidente da companhia. As estimativas são de redução entre 10% e 15% para este ano, na comparação com o ano passado, em razão da retração de demanda provocada pela crise financeira internacional. A indústria automotiva é um dos principais clientes da empresa.
“A melhoria na indústria automotiva não está compensando as perdas das exportações”, afirmou ele. Ele considerou que já se observa uma ligeira retomada do mercado doméstico no segundo trimestre, mas ainda modesta. Parte desta melhoria pode ser atribuída à volta das compras pela indústria automotiva, por conta das reduções dos estoques. Por outro lado, o setor industrial de máquinas e equipamentos continua comprimido e os demais setores industriais ainda não reagiram.
Para ele, o que tem afetado o setor siderúrgico é a falta de perspectivas de vendas externas e a retração nos mercados internacionais. Ainda que a siderúrgica tenha destinado pouco menos de 20% das vendas às exportações, o setor nunca viu uma crise financeira onde a “depressão no mercado doméstico vem desacompanhada de um aumento da demanda no mercado internacional”.
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