O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu a estimativa da produção de soja no Brasil na safra 2004/05 de 59 milhões para 54 milhões de toneladas, por conta da forte estiagem que atingiu especialmente o Sul do País. A projeção das exportações caiu de 21,1 milhões para 20,25 milhões de toneladas. Alguns analistas esperavam que a estimativa caísse a 52 milhões de toneladas.
Os números foram divulgados na sexta-feira passada, no relatório mensal de oferta e demanda da agência americana e, contrariando as expectativas, a notícia não chegou a mexer com o mercado. ?Com uma divulgação dessas, normalmente o preço da soja subiria, mas nada aconteceu?, apontou o engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral), Otmar Hubner. Segundo ele, um dos motivos que fez com que o mercado não reagisse é o fato de ser grande o estoque de soja disponível – cerca de 52,6 milhões de toneladas, conforme estimativa do USDA. ?Além disso, a demanda está retraída, e talvez o pessoal esteja especulando sobre a safra norte-americana?, arriscou.
Vendas americanas
Por conta da queda na projeção das exportações brasileiras, o USDA aumentou a estimativa das vendas americanas, que deverão atingir o recorde de 1,08 bilhão de bushels (29,395 milhões de toneladas) na safra 2004/05. Com isso, a agência cortou a estimativa dos estoques finais de soja nos EUA de 410 milhões para 375 milhões de bushels, mas o volume ficou acima do esperado pelo mercado, que era de 368 milhões de bushels.
Ainda nos números mundiais, o USDA manteve a estimativa de produção da Argentina e da China, respectivamente em 39 milhões e 18 milhões de toneladas. Mas a projeção de importação da China subiu 300 mil para 22,8 milhões de toneladas. Os estoques finais mundiais caíram 3,4 milhões para 52,6 milhões de toneladas. As informações são da Dow Jones.
74% colhida
Cerca de 74% da lavoura de soja já foi colhida no Paraná até a semana passada, o que corresponde a aproximadamente 7 milhões de toneladas. As informações são do Departamento Rural de Economia (Deral), que projetam a produção de 9,53 milhões de toneladas de soja para a safra atual – quebra de 23% em relação à estimativa inicial que era de 12,4 milhões de toneladas.
O volume de soja colhida até agora, em termos percentuais, é o mesmo do ano passado. Porém, a quantidade comercializada está muito aquém. Segundo o chefe do setor de Previsão de Safra do Deral, Dirlei Antonio Manfio, apenas 10% da safra deste ano foi comercializada até agora. No ano passado, nessa mesma época, 44% tinham sido vendidos. O baixo preço do produto no mercado internacional e doméstico está obrigando o produtor a reter a soja nos silos das cooperativas. Segundo Manfio, a saca da soja custava na semana passada R$ 29,76. Em abril do ano passado, o preço médio era de R$ 47,00.
Ele lembrou que no dia 18 de março, quando foram anunciadas as estimativas da quebra de safra no Paraná, o preço da soja valorizou 11%. Desde então, o preço só vem caindo. ?De 27 de março a 1.º de abril, o preço era de R$ 31,43. Na semana passada, já havia caído para R$ 29,76 (queda de 5,34%)?, exemplificou.