Rio
– Os recursos extraordinários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para exportação ficarão disponíveis a partir de hoje e por um prazo de seis meses. Serão cerca de US$ 8 bilhões, mas cada empresa será beneficiada com o valor máximo de US$ 8 milhões.“Estabelecemos este limite para pulverizar suficientemente a oferta para que as grandes empresas não abocanhassem a maior parte do crédito”, disse o diretor da Área de Exportações do banco, Isac Zagury, que espera uma grande procura pelos recursos ainda esta semana.
A diretoria do BNDES esteve reunida durante todo o dia de ontem para elaborar as normas de liberação dos recursos do Programa BNDES-Exim Pré-embarque, mecanismo criado pelo governo para compensar o setor diante da escassez de finaciamento externo. Ficou acertado que o sistema de avaliação será simplificado para o dinheiro solicitado esteja disponível no prazo máximo de cinco dias, a contar da entrada do pedido no banco.
Empresas de todos os portes poderão obter os recursos e a participação do BNDES será de até 100% do valor FOB da exportação. O prazo para pagamento do empréstimo será de até 180 dias a contar da data da contratação e os encargos são os seguintes: custo financeiro – Taxa de Juros de Longo Prazo (atualmente, 10% ao ano) ou Libor semestral; spread (remuneração) do BNDES de 1% ao ano para as operações de micro, pequenas e médias empresas e 2,5% ao ano para as grandes empresas; e spread do agente de até 3%, para empresas de qualquer porte.
A nova linha de crédito ficará disponível para os agentes financeiros que receberão, a partir de hoje, uma carta circular com o detalhamento das normas para liberação. Para Zagury, apesar de ter sido estipulado o limite máximo de US$ 8 milhões por empresa, a média dos pedidos deve ficar em torno de US$ 2 milhões.
Volta gradual
Ele acredita também que até o fim do ano antes, portanto, do fim do programa, a oferta de crédito ao setor por bancos estrangeiros já esteja normalizada. “Cerca de 50% das linhas de crédito foram suspensas, mas alguns bancos já estão lentamente retomando as operações”, afirmou.
Empresas de todos os portes e de todos os setores serão apoiadas pela medida, e não apenas as exportadoras de menor porte, que têm mais dificuldade de acesso ao crédito externo em épocas de risco Brasil elevado, como a atual. Os recursos a serem liberados financiarão a produção de bens para exportação também sem restrição de ordem setorial.
Balança acumula superávit
A balança comercial manteve na terceira semana de agosto o ritmo de produção de superávits e obteve um saldo positivo de US$ 194 milhões, resultado de exportações de US$ 1,216 bilhão e de importações de US$ 1,022 bilhão. No mês, as exportações já acumulam US$ 3,070 bilhões e as importações US$ 2,239 bilhões, com superávit de US$ 831 milhões.
De acordo com os números divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, no acumulado do ano o saldo positivo é de US$ 4,634 bilhões. Segundo o Ministério, a média das exportações da terceira semana de agosto foi de US$ 243,2 milhões, com queda de 8,2% em relação à média da semana anterior.
Contribuíram para a redução a diminuição de 27,1% nas vendas de semimanufaturados como celulose, açúcar bruto, couro, peles, alumínio e óleo de soja. Também foram menores as vendas de produtos básicos como minério de ferro, soja em grão e farelo de soja, que registram queda de 7,2%. Até a exportação de manufaturados caiu 2,1%. No mesmo período as importações apresentaram crescimento de 17,5%.