São Paulo – O governo vai destinar US$ 1,9 bilhão para suprir a carência de recursos para o financiamento das exportações, além do volume ainda não definido que o Banco Central usará para “irrigar” as linhas oferecidas pelos bancos privados.
A maior parte desses recursos são de empréstimos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) destinados, originalmente, a projetos de pequenas e médias empresas e da área social.
Ontem, ao apresentar essa cifra, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, declarou que não faltará crédito para as exportações e que, se necessário, o País poderá recorrer ao Banco Mundial. “As linhas para as exportações serão gradualmente “normalizadas” a partir da próxima semana”, afirmou Amaral.
Conforme afirmou, o volume adicional de US$ 1,9 bilhão será destinado às linhas de financiamento de operações de pré-embarque (produção de bens destinados à exportação) e de pós-embarque do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
De acordo com decisões anteriores do governo, o BNDES deverá estender a essas modalidades 35% do total de recursos de sua carteira de crédito. Em condições normais, o limite é de 25%. O banco ainda deverá oferecer uma nova linha emergencial para o financiamento de operações de curto prazo, ainda não disponível.
Desse volume total de US$ 1,9 bilhão, US$ 1 bilhão faz parte do novo acordo do País com o BID e começará a ser desembolsado apenas no final do ano. Segundo Amaral, o governo iniciou “conversas” com a diretoria do BID para acelerar a liberação desses recursos. De forma imediata, o BNDES se valerá de US$ 450 milhões que o BID já desembolsou ao País.
Trata-se da primeira parcela de um programa de US$ 900 milhões, cuja finalidade era financiar projetos de pequenas e médias empresas. Segundo Amaral, agora, esses recursos se destinarão às empresas exportadoras desses mesmos portes. O banco ainda contará com US$ 400 milhões captados de instituições financeiras da Europa e da Ásia.
Outros US$ 140 milhões serão igualmente provenientes de programas já em execução do País com o BID. Esses recursos fazem parte de um volume já desembolsado pelo organismo internacional e que, de imediato, teria a função de reforçar as reservas internacionais.
Social
Segundo Amaral, sua destinação para as linhas de crédito de exportação não trará prejuízos aos projetos sociais, que estariam a seu amparo. “Não se trata de dinheiro carimbado”, afirmou o ministro. “Esses recursos já foram convertidos em reais e cobrem despesas já efetuadas pelo governo com seus programas da área social”, explicou.
Amaral tentou reduzir a importância das avaliações de que estariam faltando recursos no sistema bancário para o financiamento de exportações. Conforme afirmou, há US$ 13 bilhões disponíveis atualmente. No início do ano, esse total era de US$ 16 bilhões. Boa parte dessa diferença de US$ 3 bilhões, de acordo com o ministro, se deveu à impossibilidade de os bancos privados conseguirem a renovação dos financiamentos externos com vencimento nos últimos meses.
Verba do BNDES está indefinida
Brasília
(AE) – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Eleazar de Carvalho, afirmou ontem que ainda não está definido o montante de recursos que o banco irá destinar para a ampliação dos financiamentos às exportações. Segundo ele, o BNDES é uma entre as várias instituições que estão envolvidas no projeto de ampliação das exportações.Eleazar disse que o banco vai cumprir a sua parte, mas ressaltou que há uma série de limitações em função de um grande número de requerimentos e necessidades e normas regulatórias a serem seguidas.
“Vamos fazer a nossa parte, mas é importante que outras pessoas façam a sua”, disse ele ao sair de encontro com o ministro das Comunicações, Juarez Quadros.
Eleazar explicou que nos primeiros sete meses do ano a instituição destinou US$ 3 bilhões a financiamentos de projetos para as exportações, o que representa 35% dos desembolsos do banco neste ano.
Juros
Ele disse que a intenção é de que o banco passe a aplicar uma parcela “importante” de recursos no financiamento às exportações até que os bancos comerciais retomem suas linhas de financiamento e aumentem a competição, o que levará a uma redução das taxas de juros. “Infelizmente elas (as taxas de juros) estão altas”, disse.