Uruguai pede para fechar acordos fora do Mercosul

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, anfitrião da Cúpula do Mercosul, pediu nesta terça-feira (18) que o bloco permita que "os países de economias menores possam ter acordos com países de fora da região, de forma a poder superar as assimetrias". Por trás desta declaração está o interesse do Uruguai em ter a permissão do Mercosul para negociar um Tratado de Livre Comércio com os EUA.

O presidente Vázquez admitiu que existem dificuldades para avançar com a integração no Mercosul. Oncologista, fez uma alusão médica: "os diagnósticos ajudam a curar, mas sozinhos os diagnósticos não curam. É preciso ações concretas. Para que o processo regional caminhe é necessário um bom relacionamento entre todos.

Vázquez também ressaltou a assinatura do acordo de livre comércio entre o Mercosul e Israel. "Isso mostra a vontade que o bloco tem de abertura com outros países e blocos". Mas o presidente uruguaio ressaltou que no semestre que se encerra ficaram vários assuntos sem resolver, entre eles, as assimetrias comerciais. "Temos que assumir onde estamos na integração e ser conscientes sobre até onde podemos chegar. Queremos constituir uma zona aduaneira, mas construímos até agora uma zona de livre comércio com uma Tarifa Externa Comum (TEC) muito perfurada".

O presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos, em fim de mandato, mostrou-se otimista e sustentou que o Mercosul está muito mais "atlético" e menos "paquidérmico".

Argentina

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que está no meio de um grave conflito com o presidente Vázquez por causa da "Guerra da Celulose", tentou colocar panos quentes e celebrou que "a querida República do Uruguai reafirmou sua permanência no Mercosul". Segundo Cristina, "ninguém pode ser próspero se as sociedades ao redor vivem mal".

A presidente argentina, que costuma culpar a imprensa das mazelas políticas e econômicas, desabafou: "estamos um pouco cansados de ler em letras garrafais que o Mercosul estava morrendo". A presidência pro tempore do Mercosul passou às mãos de Cristina.

Cristina também ressaltou que existem países na vizinhança do Mercosul que "não encaram como positivo que os vizinhos se unam. E aí tentamos nos separar". A frase foi interpretada como alusão direta aos EUA já que o governo Cristina acusou a administração Bush de estar por trás das denúncias realizadas pelo FBI e a Justiça Federal de Miami que ela recebeu dinheiro do presidente venezuelano Hugo Chávez para sua campanha eleitoral.

"Por isso, espero que nesta presidência pro tempore possamos incorporar a Venezuela. A presença venezuelana no Mercosul permitirá configurar o fechamento da equação energética".

Venezuela

O presidente Chávez recordou que há nove anos que a Venezuela solicitou sua entrada no Mercosul. Chávez, famoso por sua verborragia, reclamou quando Vázquez indicou que seu discurso estava longo demais e estava atrasando toda a agenda. "Não há tempo no Mercosul, essa é uma coisa que sempre reclamo. Fiz uma viagem de seis horas para cá, e seis de volta, e o tempo para falar aqui é curto", lamentou o venezuelano.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, e a presidente do Chile, Michelle Bachelet, cujos países são "associados" ao Mercosul, realizaram breves discursos.

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