Quase um ano depois de oferecer para o mercado cerca de 300 patentes, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fechou o primeiro contrato para desenvolvimento de tecnologia criada por pesquisadores da instituição. A empresa Steviafarma, de Maringá, no Paraná, irá utilizar o processo de extração e transformação de isoflavonas glicosadas de soja em isoflavonas agliconas, para tratamento hormonal feminino.
A patente foi registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), em setembro de 2000, pelo professor Yong Kun Park, do Laboratório de Bioquímica de Alimentos da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), e negociada por meio da Agência de Inovação da Unicamp (Inova), que formalizou o contrato no final do mês passado.
Park explica que o composto extraído da soja tem propriedades semelhantes às do estrógeno. A empresa irá explorar a patente por 10 anos. Embora a Steviafarma tivesse manifestado interesse no projeto há três anos, a formalização do contrato ocorreu com a intermediação da Inova, conforme Rosana Ceron di Giorgio, diretora de propriedade intelectual da agência.
Pelo contrato, a empresa repassará R$ 14 mil reais mais 6% da receita líquida da venda do produto como royalties para a Unicamp. Os royalties serão divididos em três partes, entre o pesquisador, a FEA e a universidade. “Achei muito bom. A Unicamp não tem nenhum contrato nesse valor”, afirma Rosana.
Os pesquisadores prestarão consultoria à empresa durante dois meses para a produção do produto em escala industrial. A empresa pretende investir R$ 100 mil até o final do ano para fabricar cápsulas com 100% de isoflavona aglicona, concentração não disponível no mercado atualmente.
Multiuso
A isoflavona é encontrada nas formas glicosadas, mais comum, e agliconas em proporções que variam de 0,1 a 5 miligramas por grama de soja, conforme Park. Ele acrescentou que a isoflavona aglicona também atua contra câncer de mama e próstata, reduz o nível de colesterol ruim (LDL), combate doenças causadas por fungos, tem propriedades antiinflamatórias e antioxidantes.
Mas essas aplicações precisam ser mais bem estudadas. Por enquanto, a Steviafarma irá utilizar o produto apenas para reposição hormonal. A pesquisa que resultou na patente contou com a colaboração de quatro alunos de pós-graduação, orientados por Park.