A presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Elizabeth Farina, comentou nesta terça-feira, 24, ao Broadcast estar “surpresa” com a recomendação do Ministério Público Federal em Minas Gerais (MPF/MG) de suspender o aumento da mistura de etanol anidro à gasolina, de 25% para 27%. “É difícil se pronunciar, porque não tivemos acesso a esse documento”, afirmou minutos antes do início do seminário Sugar & Ethanol Brazil, promovido pela F.O. Lichts, em São Paulo.
A recomendação foi feita pelo procurador Fernando de Almeida Martins e é datada do último dia 16. O procurador cita declarações da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) de que mais etanol na gasolina poderia prejudicar veículos, principalmente os modelos mais antigos, e não traria grandes benefícios ambientais.
O MPF/MG sugere que a medida poderia ser interrompida até que os testes que estão sendo realizados a pedido da própria Anfavea sejam encerrados e provem, “de forma cabal”, que o novo porcentual na mistura não causará danos aos automóveis movidos à gasolina. O aumento da mistura foi definido no início de março entre governo, setor sucroenergético e indústria automobilística e passou a valer no dia 16, com previsão de gerar demanda adicional de 1 bilhão de litros de anidro por safra.
Farina afirmou que a perspectiva para o setor sucroenergético a partir de agora é positiva e que o aumento de demanda potencial por etanol no Brasil é da ordem de 5 bilhões de litros. De acordo com ela, “os fundamentos são bons” para a recuperação da cadeia produtiva de açúcar e álcool. Entre os fatores favoráveis ao setor estão a demanda por novas tecnologias, por sistemas de recolhimento de palha e por uma maior participação da cogeração de energia, aquela que usa biomassa de cana para a produção de energia elétrica.