A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) considera positiva a abertura de painel contra a Índia na Organização Mundial do Comércio (OMC), anunciada nesta quarta-feira, 27, pelo governo Brasileiro. “Estamos seguros de que as atuais práticas indianas violam as regras de comércio e que o desfecho de uma painel será favorável para o Brasil. Mas temos esperança de que esse anúncio permita uma reavaliação do regime açucareiro por parte do governo daquele país e que possa considerar formas menos distorcivas de apoio ao setor, como a diversificação do uso da cana”, disse, em comunicado, o diretor executivo da entidade, Eduardo Leão.
O executivo afirma, ainda, que um bom exemplo dessa diversificação é o programa de etanol brasileiro, que oferece ao produtor de açúcar local uma interessante alternativa ao seu negócio, reduzindo o seu risco com base nas condições de mercado de ambos os produtos.
“Em função desse programa, o Brasil deixou de produzir quase 10 milhões de toneladas de açúcar na atual safra, priorizando o biocombustível e evitando um colapso ainda maior no mercado internacional de açúcar. “Temos experiência de mais de 4 décadas no uso em larga escala de etanol combustível e, se necessário, estamos prontos para cooperar com os produtores indianos visando ao fortalecimento do seu programa do biocombustível”, conclui Leão.
Segundo a Unica, a política indiana para o açúcar tem sido motivo de grande preocupação para todos os países produtores e exportadores. Em meados de 2018, a Índia anunciou novo pacote de medidas de apoio aos produtores locais e subsídios às exportações para até 5 milhões de toneladas de açúcar, o que ampliou ainda mais a queda dos preços internacionais do produto. Em 2018, o açúcar teve as menores cotações dos últimos 10 anos, com uma queda de quase 30% no preço ao longo do último ano.