Está aberta a temporada de caça aos negócios com estrangeiros. Só em Curitiba, pelo menos duas rodadas de negócios estão sendo programadas para estreitar os laços com empresários de dois países da União Europeia: Alemanha e França.

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A região, apesar de ainda sofrer mais que o Brasil os efeitos da crise a ponto de perder, no ano passado, o primeiro lugar entre os blocos com que o Paraná mais negocia, por exemplo, ainda está entre as meninas dos olhos dos exportadores. E, ao mesmo tempo, continua oferecendo produtos que interessam aos importadores.

Em 2009, os negócios internacionais paranaenses com a União Europeia decaíram significativamente nas duas vias, de acordo com os números finais do ano passado, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) este mês.

As exportações, que em 2008 totalizaram US$ 4,475 bilhões, foram 34,35% menores em 2009, não chegando a US$ 3 bilhões. Já as importações, que tinham sido de US$ 3,214 bilhões em 2008, foram reduzidas para US$ 2,287 bilhões uma queda de 28,85%.

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Afetados pela crise, que atingiu em cheio a Europa, os negócios paranaenses com o bloco econômico europeu foram tão ruins em 2009 que acabaram ultrapassados pelo comércio com a Ásia (não incluído aí o Oriente Médio).

Puxadas principalmente pelos negócios com a China, as vendas para o continente asiático quase não alteraram de 2008 para 2009, caindo apenas 0,6%, de US$ 3 bilhões para US$ 2,985 bilhões.

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E as importações vindas de lá, mesmo caindo quase 12,5% (US$ 2,745 bilhões em 2008 e US$ 2,4 bilhões em 2009), ainda foram suficientes para tomar o primeiro lugar da União Europeia.

Assim, se em 2008 o bloco europeu respondia por 29,4% das exportações paranaenses, em 2009 a fatia caiu para 26,2%. Por outro lado, os asiáticos aumentaram sua fatia de 19,7% para 26,6%.

A Ásia também passou a responder, no ano passado, por um quarto das importações do Estado (no ano anterior as vendas representavam 18,8% do total). A UE, mesmo vendendo menos ao Paraná, aumentou sua fatia, mas em ritmo menor que os asiáticos, passando de 22,1% para 23,8%.

Alemanha

Buscando recuperar ao menos parte dessa fatia europeia, 10 empresas alemãs de diferentes segmentos da indústria e do comércio estarão, esta semana, com representantes em Curitiba para uma rodada de negócios organizada pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha.

Para a entidade, as empresas do país europeu estão cada vez mais presentes na economia paranaense. Pelo menos 75 empresas locais devem comparecer à rodada.

No ano passado, pelo menos três importantes empresas de lá instalaram filiais no Estado. A fabricante de máquinas para embalagens a vácuo Multivac se instalou em Curitiba em abril.

A OKE, que produz peças plásticas para móveis, automóveis e linha branca, inaugurou sua única unidade na América do Sul em Piraquara. E a Häfele, que importa ferramentas e ferragens para móveis, virou vizinha da OKE ao transferir seu centro de distribuição n a América Latina de Barueri (SP) também para Piraquara.

França

Amanhã e terça-feira (2), Curitiba também receberá representantes de duas empresas francesas. Uma é do setor agroalimentar: fabrica máquinas automáticas destinadas a abatedouros de porcos e quer encontrar, no Paraná, outros fabricantes de máquinas e distribuidores do setor, além de clientes em potencial.

A outra produz embalagens plásticas para alimentos, e pretende encontrar fabricantes brasileiros do mesmo ramo, além de representantes de máquinas para o setor e potenciais compradores de seus produtos, entre produtores de alimentos.

Em busca de parceiros na indústria paranaense, eles vão participar de mesas redondas e visitas técnicas na capital. A missão, apoiada pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), é promovida pela Rede Quatro Motores para a Europa, que reúne empresários de algumas regiões europeias, e pelo Erai Curitiba, que representa empresas da região francesa de Rhône-Alpes. Representantes políticos das regiões da Lombardia (Itália), Catalunha (Espanha), Baden-Württemberg (Alemanha), Flandres (Bélgica) e País de Gales (Reino Unido), também compõem a missão e devem desembarcar no Paraná esta semana.

Alemanha e França são parceiros

Alemanha e França, os países de onde vêm os empresários para as rodadas de negócios em Curitiba durante esta semana, são justamente as nações europeias que mais fecham negócios com o Paraná.

No ano passado, os alemães foram os segundos maiores responsáveis pelas exportações do Estado e os quartos nas importações, mesmo com uma queda significativa em relação a 2008. Já os franceses ficaram no sexto lugar, tanto nas vendas como nas compras, mantendo as posições em relação ao ano anterior, também apesar de redução no volume de negócios.

Para o diretor da Câmara Brasil-Alemanha, Wilson Andersen Ballão, a Alemanha tem grande importância no processo de industrialização paranaense. Ele considera fundamental manter laços cada vez mais estreitos com o País, que é experiente em eventos de grande porte e tem grande capacidade de gestão em novas tecnologias.

Segundo Ballão, a crise foi a grande responsável pela queda nos negócios no ano passado. “Eles ficaram sem dinheiro”, diz. “Mas agora estão voltando a se interessar pelo Brasil. A economia também está dando sinais de recuperação, que não é tão rápida como aqui”, informa, lembrando que desde novembro de 2009 as notícias vindas de lá começaram a ser melhores.

O diretor da Câmara Brasil-Alemanha afirma que, atualmente, o maior interesse dos brasileiros em relação às empresas alemãs é em transferência de tecnologia. Interesse que é compartilhado pelas empresas de lá, que procuram parcerias para enviar produtos ou tecnologia aos brasileiros.

“É um casamento perfeito”, conclui. Para Ballão, a Região Sul do Brasil é vista pelos alemães como uma ótima porta de entrada para o mercado brasileiro. “As culturas são mais parecidas e eles gostam disso. Acham que é um facilitador para os negócios”, diz. Em 10 anos, a Câmara Brasil-Alemanha mais que quadruplicou o número de empresas parceiras, passando de 60, em 2000, para 250 atualmente.