A zona do euro somente poderá sobreviver no longo prazo se seus membros tiverem permissão para abandoná-la e aderir novamente a ela, e a Grécia deveria ser o primeiro país a poder ter essa opção, disse o presidente da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad), Supachai Panitchpakdi.

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Supachai foi vice-primeiro-ministro e ministro do comércio da Tailândia de 1997 a 1999, quando ele se tornou o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), e portanto tem conhecimento em primeira mão das dificuldades que os países encontram para resolver os problemas de dívidas. Agora, como secretário-geral da Unctad, Supachai acredita que é essencial para a saúde da economia mundial que a zona do euro consiga sobreviver, mas defende maior flexibilidade para atravessar a crise.

“Isso significa que a zona do euro não é estanque para sempre, com um número fixo de participantes”, disse Supachai. “Deve ser flexível o suficiente para permitir que os países entrem e saiam do bloco”.

Os líderes da zona do euro insistem que uma vez que um país tome a decisão de aderir a moeda única do bloco, a media é irrevogável, pois qualquer dúvida sobre o comprometimento desse país com o euro poderia afetar o valor da moeda, sua capacidade de encontrar compradores para os títulos da dívida dos países membros e a estabilidade dos sistemas bancários da região.

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Mas muitos economistas acreditam que um dos problemas encontrados por países como a Grécia é a perda de competitividade resultante da adesão à moeda comum do bloco, particularmente em relação à Alemanha. Uma vez que os preços ao consumidor e os salários aumentaram mais rapidamente na Grécia, Irlanda, Portugal e outros países em comparação com a Alemanha, esses países experimentaram uma apreciação de fato nas suas taxas de câmbio real, levando a uma ampliação do déficit de conta corrente e a uma crescente dependência de financiamento externo.

Supachai disse que os países sempre podem cometer erros nas suas políticas econômicas, e um bloco como a zona do euro precisa ser realista sobre esse fato, permitindo aos países entrar e sair do grupo para que possam se beneficiar de uma desvalorização de sua moeda e, consequentemente, aumentar suas exportações.

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“Não vivemos num mundo ideal”, afirmou Supachai. “Se levarmos em conta que os países às vezes erram significativamente (em suas políticas), a única solução é permitir a eles evitar uma contração de sua economia, não cometendo suicídio”.

Para ele, a Grécia talvez precise abandonar a zona do euro. “Talvez haja a necessidade para uma solução temporária, para permitir à Grécia a opção de sair”, disse Supachai. “A Grécia precisa ter também a opção de voltar. Isso não significa o fim da zona do euro, pelo contrário”. As informações são da Dow Jones.