A União de Nações Sul-Americanas (Unasul) vai intervir em mais uma crise na região: a disputa entre Venezuela e Guiana sobre a costa do Essequibo, hoje uma área guianense que é disputada pelos venezuelanos. Em agosto, a Unasul deve se reunir para tentar mediar um entendimento entre os dois países.
A decisão foi tomada na reunião privada dos presidentes do bloco que colocou lado a lado o presidente da Guiana, David Granger, e o da Venezuela, Nicolás Maduro. Aceita como Estado associado nesta cúpula, a Guiana aproveitou a vinda ao Brasil para pressionar contra a intenção venezuelana de tomar a área de 160 mil quilômetros quadrados, que representa um terço da área do país.
Em maio deste ano, depois que a empresa petrolífera Exxon Mobil informou a descoberta de petróleo na costa marítima da região de Essequibo, Maduro baixou um decreto determinando que toda a região pertence a seu país, em uma tentativa de resolver em uma “canetada” uma disputa territorial de mais de um século.
A disputa começou há mais de um século, quando em uma disputa inicial mediada pelos Estados Unidos o território foi cedido para a Grã-Bretanha mas, por estar representada por norte-americanos na negociação, a Venezuela anunciou na década de 1960 que não aceitava o resultado. Em 1966, foi retomada uma negociação mediada pelas Nações Unidas, mas nunca houve um resultado satisfatório. Com a descoberta de petróleo na região, o interesse venezuelano – que sempre inclui o Essequibo em seus mapas como “zona em litígio – decidiu agir, mesmo que sem ameaças claras de invasão.
O presidente da Guiana, no entanto, acusa a Venezuela de impedir o desenvolvimento da área. Em uma reunião bilateral com a presidente Dilma Rousseff, antes da Cúpula, Granger pediu o apoio do Brasil. Em seu discurso na plenária, Granger afirma seu país tem enfrentado mais de 50 anos de “provocações incansáveis” e de impedimentos para seu desenvolvimento e agradeceu o apoio do Brasil.
Maduro se limitou a celebrar que se “esteja tomando uma iniciativa de canalizar o conflito por meio do direito e da paz”, e anunciou a reunião de agosto da Unasul.