Uega opera até dezembro para recuperar hidrelétricas

A Usina Termelétrica de Araucária (Uega) deve continuar funcionando em caráter emergencial pelo menos até o final de dezembro. De acordo com Rubens Ghilardi, presidente da Companhia de Energia Elétrica do Paraná (Copel), o pedido foi feito pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A usina precisou iniciar a geração de energia às pressas no final de junho por solicitação do órgão, devido à estiagem prolongada que atingiu o país, afetando as usinas hidrelétricas e colocando em risco o suprimento de eletricidade. ?Esse caráter emergencial foi até o final de setembro. A partir de outubro até o final do ano, a solicitação é para que mantenhamos a usina funcionando para recuperar o máximo possível os reservatórios das hidrelétricas.?

Ghilardi faz ainda uma revelação: caso a Uega não estivesse em condições de operar quando solicitado pelo ONS, o risco de o Brasil passar por um novo ?apagão?, como aconteceu em 2001, seria grande. ?Em setembro aconteceu um acidente com as linhas de transmissão em Itaipu. Por sorte, isso ocorreu no fim de semana, quando o consumo é menor. Caso contrário, teria faltado energia em diversas regiões.? Para o presidente, mais investimentos precisarão ser feitos em todo o Brasil para que não falte luz na próxima década.

Foto: Cíciro Back/O Estado

Ghilardi: falta de gás.

?O último Leilão de Energia Nova, realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), não supriu o esperado para a produção programada para ser consumida a partir de 2011. Certamente, devido a essa carência, a Uega deverá entrar em operação antes do esperado?, prevê Ghilardi. A intenção da Copel era que a usina começasse a vender para o mercado brasileiro em 2010, mas a partir de 2008, caso haja consumidores interessados, já poderia operar com contratos de curto prazo.

Desde que entrou em operação, a Uega vem despachando energia com uma média diária de 90% da sua capacidade nominal, que é de 484,5 megawatts. ?Já produzimos até mais do que isso. Mas temos um problema para manter a produção por mais tempo, que é a falta de gás. Operamos de acordo com a disponibilidade do combustível?, diz o presidente da Copel. Das onzes termelétricas brasileiras, apenas cinco estão funcionando. Prevendo esse fator, a UEGA estava sendo preparada para funcionar também com diesel e Hbio (combustível que mistura óleo vegetal). ?Mas isso acarreta em outro fator: o preço da produção sobe, já que o gás é um combustível muito mais barato?, analisa.

Riscos

Quando foi totalmente adquirida pela Copel, em maio, divulgou-se que a usina corria o risco de explodir, caso fosse colocada em funcionamento sem passar por reparos e que havia um sério problema com a freqüência em que produzia a energia, que é diferente do sistema do País. Segundo Ghilardi, caso saia de operação repentinamente, pode causar um blackout em todo o Brasil. Como a Uega só entraria em funcionamento no final de 2007, a planta estava passando por reparos para corrigir esses problemas. Então para que a usina funcionasse emergencialmente, tanto Petrobras como ONS tiveram que assumir riscos.

?A Petrobras se comprometeu em enviar e monitorar a composição do gás para que ele venha da Bolívia sem impurezas. Assim, não precisamos utilizar a unidade de processamento, que é a fonte de risco de explosão?, explica Ghilardi. Já o ONS garantiu que enquanto a UEGA funcionar em caráter emergencial, fará os procedimentos técnicos na freqüência para que isso não ocorra.

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