UE usa exemplo brasileiro para barrar calçados chineses

Genebra (AE) – A União Européia (UE) está usando o Brasil para conseguir condenar a China por práticas ilegais nas exportações de calçados. Bruxelas estuda a imposição de medidas antidumping contra os produtos chineses e, para mostrar que Pequim está sendo desleal no comércio de sapatos, usa o custo de produção e valor do mercado de calçados no Brasil como contraprova. Enquanto isso, a China está fazendo esforço diplomático para mostrar aos europeus que produção de calçados no Brasil não é igual à de Pequim e que, portanto, não pode ser comparada.

Os europeus estudam a aplicação de uma sobretaxa de 20% contra os calçados chineses a partir de abril por causa dos preços que Pequim está cobrando na exportação dos produtos. Para Bruxelas, existem sinais de que os chineses estão colocando seus produtos no mercado internacional a preços inferiores aos que cobram em seu próprio mercado. Pelas regras internacionais, isso seria considerado prática desleal de comércio e, portanto, poderia estar sujeita a penalidades.

O problema é que os europeus não consideram a China como uma economia de mercado e, portanto, os procedimentos para provar que existem irregularidades seguem outro modelo. Normalmente, bastaria uma visita dos europeus à China e o levantamento dos custos de produção do país para que Bruxelas determine se de fato as medidas ilegais estão sendo praticadas.

No caso da China, porém, o fato de o Estado estar em todas as atividades econômicas impede a UE de determinar quais são os custos reais para a produção de um calçado. A solução foi buscar um país que a Europa considerasse relativamente no mesmo padrão chinês para comparar os custos de produção.

Bruxelas, portanto, optou pelo Brasil e enviou já missões ao País para estudar os valores envolvidos na produção de sapatos. Será a partir dos cálculos sobre o setor no Brasil que a Europa poderá definir se os chineses estão sendo de fato desleais no comércio internacional. Para a UE, o setor de calçados do Brasil, sua produção e capacidade de exportação, tem ?proporções análogas? às da China.

Os chineses, porém, insistem que não podem ser comparados com o Brasil. Para Pequim, os calçados brasileiros são de uma qualidade superior e com custos diferentes aos dos chineses. Mas na Comissão Européia a ajuda brasileira está sendo apreciada por Bruxelas. ?Sabemos que o Brasil está nos ajudando, porque também está preocupado com as vendas de calçados da China para seu próprio mercado?, revelou uma funcionária em Bruxelas.

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