UE rebate FMI e expõe divisão na troica

O comissário de Assuntos Econômicos da União Europeia, Olli Rehn, reagiu a críticas feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) pela maneira como a Comissão Europeia tratou do programa de ajuda financeira à Grécia. “Não acho justo que o FMI tente lavar suas mãos e jogar a água suja sobre ombros europeus”, afirmou Rehn em conferência em Helsinque.

Na quarta-feira, 5, o FMI divulgou um relatório no qual admite ter cometido erros de julgamento no caso da Grécia, mas diz que a Comissão Europeia também teve parte da culpa. Com o Banco Central Europeu (BCE), as duas instituições compõem a chamada troica, que administra os pacotes de ajuda financeira para Grécia, Irlanda, Portugal e Chipre. O relatório do FMI e a reação de Rehn levantam dúvidas sobre o histórico da atuação da troica e sobre a perspectiva de uma cooperação futura.

Em entrevista ao Wall Street Journal, também concedida ontem (7), Rehn disse que a Comissão Europeia continuará a trabalhar com o FMI na gestão dos programas de ajuda, já que essa é a vontade dos países da zona do euro. “Continuaremos a trabalhar de modo a apoiar os países vulneráveis, conforme os países-membros afirmaram de maneira clara que o FMI é parte dessas operações. Dito isso, precisamos refletir sobre os métodos de trabalho da troica”, disse o comissário.

Ele também afirmou que está “em contato constante com Christine Lagarde”, a diretora-gerente do FMI, mas recusou-se a responder se eles conversaram sobre o relatório.

Vários funcionários europeus disseram que o FMI não alertou a Comissão Europeia de que divulgaria o relatório, nem enviou uma cópia à comissão, mesmo depois de seu conteúdo ter sido divulgado pelo Wall Street Journal. A comissão teve de esperar para ler o documento quando o FMI o disponibilizou na internet, na noite de quarta-feira.

O relatório do FMI diz ainda que a UE não conseguiu impor disciplina fiscal aos países da zona do euro, e não tinha experiência em gestão de crises. Segundo o documento, a Comissão Europeia estava mais “preocupada em ater-se às normas da UE” do que em promover reformas estruturais voltadas à promoção do crescimento.

Rehn rejeitou essas acusações e defendeu o pessoal técnico da Comissão Europeia. “Tenho orgulho de trabalhar com esses economistas e funcionários”, disse o comissário, acrescentando que a UE vai produzir seu próprio relatório sobre o pacote de ajuda à Grécia “no momento oportuno”. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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