A União Europeia (UE) estuda uma série de opções para tornar mais confiáveis os testes de estresse aos quais os bancos da região são submetidos. Entre essas opções está uma avaliação mais rígida a respeito dos títulos de dívidas soberanas detidos por essas instituições. Isso porque os resultados dos exames divulgados em julho não conseguiram amenizar as preocupações em torno da exposição dos bancos à dívida dos países do bloco. A questão foi discutida na reunião de ministros de Finanças da Zona do Euro (Ecofin) realizada hoje na cidade polonesa de Wroclaw.
Michel Barnier, comissário para regulação financeira da UE, disse que, embora os testes realizados neste ano tenham sido melhorados ante os feitos em 2010, “temos qu reconhecer que eles não restauraram a credibilidade na força dos bancos como esperávamos.”
Os testes de julho mostraram que os bancos europeus estão bem capitalizados, mas não levaram em contra o que poderia acontecer a essas instituições caso um país da Zona do Euro entrasse em um default de grande proporção. Isso se tornou uma preocupação maior depois que as reformas no Orçamento da Grécia não saíram como esperado. Enquanto isso, os juros pagos por Itália e Espanha para colocar títulos de dívida no mercado dispararam em agosto para os maiores níveis desde a introdução do euro.
Para Barnier, os testes devem ser fortalecidos. “Em particular, acredito que precisamos repensar a forma como tratamos a exposição à dívida soberana e melhorar a coordenação entre os supervisores (do mercado)”, afirmou. Depois da reunião de hoje, a ministra de Finanças da Espanha, Elena Salgado, disse a repórteres que os ministros do bloco reconheceram que os testes precisam ser mais uniformes e rigorosos.
Entre as opções, os governos estudam se as consequências de um default soberano devem ser modeladas mais explicitamente, afirmou Barnier, que participa diretamente das discussões. “O sentimento é que teremos mais credibilidade se a dívida soberana for incluída nos testes”, afirmou.
Os governos também estudam se conduzirão exames de liquidez como parte dos testes de estresse em 2012. Reguladores testaram a liquidez dos bancos neste ano, mas de forma separada dos testes de estresse. E seus resultados não foram divulgados. Alguns governos, liderados pelo Reino Unido, argumentam que a liquidez deveria ser incluída nos testes de estresse e que seus resultados se tornem públicos, uma vez que o acesso dos bancos ao crédito é um dos motores da atual turbulência no mercado.
Há duas visões sobre como o escopo dos testes deve ser. A Autoridade Bancária Europeia, que os realiza, quer que a próxima rodada se concentre mais de perto em um número menor de bancos “sistêmicos”, ou seja, aqueles cujos problemas podem afetar todo o mercado financeiro. Isso reduziria o número de bancos sujeitos aos testes. Os últimos testes envolveram 90 bancos com sede em 21 países da UE. Outros pensam que mais bancos deveriam ser incluídos, incluindo as instituições regionais. As informações são da Dow Jones.