A embaixadora da União Europeia (UE) no Brasil, Ana Paula Zacarias, defendeu nesta segunda-feira, em São Paulo, o avanço nas negociações entre o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e o bloco econômico da Europa que resultem num acordo bilateral. “Todos os países estão fazendo estes acordos bilaterais; penso que será difícil para o Brasil e para o Mercosul ficarem isolados deste movimento”, afirmou, em debate na Fundação Getulio Vargas (FGV).

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A chefe da delegação europeia em Brasília afirmou que os entendimentos comerciais têm impacto uns sobre os outros e, portanto, se um ajuste com o Mercosul foi firmado antes de uma aproximação com os Estados Unidos, a margem de discussão é maior e, portanto, positiva para o Brasil e demais países. “Caso o acordo (da UE) com o Mercosul se concretize num espaço razoável de tempo, há mais possibilidade de espaço com relação a esses produtos que são difíceis do que se acontecer depois de uma negociação com os Estados Unidos”, disse, sobre negociações com a UE que costumam ser complicadas, como as referentes a carne, açúcar e etanol.

Recentemente, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota, minimizou a aproximação entre EUA e UE. “Isso ainda vai levar um tempo. A nossa negociação com União Europeia já está relativamente avançada”, disse, em fevereiro, época em que se intensificaram as possibilidades de proximidade entre europeus e norte-americanos. “Estamos fazendo essas negociações todas ao mesmo tempo; tem de haver espaço para tudo, mas também não posso negar que elas têm impacto umas sobre as outras”, declarou Ana Paula, nesta segunda-feira.

“Como dizia o ministro Patriota: ‘Ficar parado não é ficar parado. É andar para trás’. Por isso, vamos avançar”, prometeu, ressaltando que, desde maio de 2010, houve um avanço substancial nas negociações. “Agora, temos de fazer as ofertas de abertura de mercado, mas foi muito interessante ouvir o empenho direito da presidente Dilma Rousseff nessas negociações para que deem fruto.” A tentativa de aproximação entre os dois grupos de nações já dura alguns anos, mas, na Cúpula da América Latina e do Caribe deste ano, em Santiago, ficou determinado que UE e Mercosul têm até o fim do ano para apresentar as propostas. “Óbvio que o Brasil não pode avançar sozinho. Mas esperamos que até o final do ano sejam postas na mesa as ofertas de abertura do mercado de um lado e de outro”, acredita.

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De acordo com a embaixadora da UE no Brasil, uma convenção com o Mercosul poderá propiciar aumento de 10% nas exportações de grãos da região e também maior venda de etanol. Ana Paula falou ainda em vantagens que um convênio UE-Mercosul pode trazer para o Brasil, como “aumento do seguro de investimentos” e ajuda para que a indústria brasileira de torne mais competitiva.