Questionado sobre uma negociação comercial entre Mercosul e União Europeia, o diretor-geral da Organização Mundial Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, brincou nesta manhã de segunda-feira, 24, durante o Global Agribusiness Fórum: “Felizmente, estando na OMC esse não é um tema sobre o qual tenho que me debruçar dia sim outro também”. Ele afirmou que não se surpreende que os membros tenham dificuldade para “harmonizar posições comerciais”, mas disse que o mais importante é a vontade política dos agentes. “Tenho certeza que soluções técnicas são viáveis. Do ponto de vista político não são tão fáceis assim, mas soluções sei que há”, afirmou.

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Segundo ele, há uma “grande vontade política” da parte da União Europeia e aparentemente a mesma disposição do Brasil. “Tenho certeza de que vão encontrar maneira de fazer com que as negociações avancem.”

Ele destacou ainda que o Mercosul nunca negociou como grupo na OMC, mas que os quatro países do bloco fazem parte do G20 da OMC. “Não vejo como não ter essas articulações, são grupos que viabilizam propostas”, comentou, sobre a existência dos grupos de negociação. “O papel desses grupos é absolutamente fundamental. As negociações permitem e demandam esse tipo de articulação.”

Ele afirmou também que negociações multilaterais não competem com as bilaterais ou regionais. “A aparente dicotomia entre negociações bilaterais e multilaterais é muito discutida muitas vezes de uma maneira pouco esclarecida. As negociações multilaterais não vão nunca competir com as bilaterais ou regionais”, disse.

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As negociações regionais, segundo ele, servem para estabelecer parâmetros que “inspiram” as multilaterais. “São duas coisas que têm que caminhar juntas”, disse ele, que completou: “É bom que o multilateral avance senão vai ficar para trás”.

China

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O diretor-geral da OMC comentou ainda a atuação da China dizendo que o país asiático tem posições “multifacetárias”, “como de todos os outros países”. “Não tem nenhum país que tenha uma posição inequívoca”, completou. Ele afirmou que a China é um país que tem “interesses globalizados” e é uma das grandes interessadas no sucesso do multilateralismo.

Importações

Sobre importações, Azevêdo comentou que é preciso dissociar comércio mundial e importações de uma visão negativa. “Muitas vezes no círculo político o comércio é associado ao desemprego, o que não faz sentido. A soma global em termos de competitividade, eficiência, alocação de recursos de capital é um ganho líquido”, afirmou. Segundo ele, “o problema são os ‘timings'”, pois uma abertura comercial importante “amadurece” com uma rapidez mais baixa do que a ocorrência de eleições.