O crescimento na zona do euro e na União Europeia como um todo deve ser um pouco mais fraco nesta ano que o antes esperado, afirmou a Comissão Europeia nesta terça-feira, ao divulgar suas projeções atualizadas. A Comissão Europeia advertiu que a desaceleração econômica na China e em outros mercados emergentes, tensões geopolíticas e a incerteza antes da votação popular sobre a presença do Reino Unido na UE podem pesar.

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Os economistas da UE também ponderaram que a força dos fatores que têm apoiado o crescimento na região, como os preços baixos do petróleo e o euro mais fraco, pode começar a diminuir, enquanto os problemas fundamentais em muitas das economias do bloco, entre elas os altos níveis de endividamento privado e desemprego, continuam a frear a recuperação.

De acordo com as projeções do braço executivo da UE, a economia dos 19 países da zona do euro deve crescer 1,6% neste ano, um pouco menos que a alta de 1,7% calculada pela Comissão Europeia em fevereiro. Em 2015, a zona do euro cresceu 1,7%. Em 2017, a economia da zona do euro crescerá 1,8%, disse a comissão, um pouco menos que o avanço de 1,9% antes esperado.

O crescimento em todos os 28 países da UE deve ficar em 1,8% neste ano, um pouco abaixo da projeção de 1,9% fevereiro e abaixo dos 2% registrados em 2015. O Produto Interno Bruto (PIB) da UE deve crescer 1,9% no próximo ano, menos que os 2,0% antes calculados.

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As novas projeções, menores, são uma mostra de como as cicatrizes deixadas na Europa pela crise financeira e a da dívida que se seguiu ainda afetam a recuperação. Em suas projeções, a Comissão Europeia diz que, se por um lado o petróleo mais barato e as políticas de relaxamento monetário do Banco Central Europeu (BCE) impulsionaram ao consumo e as exportações, o ritmo do crescimento na UE e na zona do euro permanece relativamente moderado.

Um recuo nos preços do petróleo deixou mais dinheiro disponível para os consumidores europeus, enquanto as compras de bilhões de euros em ativos pelo BCE e o enfraquecimento do euro ante outras moedas impulsionaram as exportações. Ainda assim, a Comissão Europeia apontou que há riscos internos e externos que poderiam ameaçar o crescimento nos próximos anos. No exterior, a desaceleração em mercados emergentes, especialmente a China, pode gerar efeitos colaterais significativos na Europa e no mundo, além de crescimento mais fraco em várias nações desenvolvidas, como os Estados Unidos e o Japão, o que deixaria mais incerto o panorama global.

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“O crescimento na Europa está se mantendo, apesar de um ambiente global mais difícil”, afirmou Pierre Moscovici, comissário da UE para assuntos econômicos e financeiros. “A recuperação na zona do euro permanece desigual, tanto entre os Estados membros como entre os mais fracos e os mais fortes na sociedade. Isso é inaceitável e exige ação determinada dos governos, tanto individual como coletivamente.”

A Comissão Europeia também advertiu para os riscos de baixa para o crescimento, diante das incertezas trazidas pelas tensões geopolíticas e pela incerteza com a votação no Reino Unido sobre a presença do país na UE, que ocorre em 23 de junho. Outro fator que ameaça o sentimento, especialmente na zona do euro, é a inflação que continua muito fraca.

A Comissão Europeia prevê agora que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) fique apenas em um avanço de 0,2% na zona do euro neste ano, de 0,5% antes projetado. Em 2017, a inflação na zona do euro deve ficar em 1,4%, não mais em 1,5% como antes previsto e ainda abaixo da meta de quase 2% do Banco Central Europeu (BCE).

Na UE, o CPI deve crescer 0,3% neste ano e 1,5% no próximo, também abaixo das projeções anteriores.

Apesar do crescimento mais fraco e da inflação modesta, a Comissão espera que o desemprego caia um pouco mais que o antes projetado. A taxa de desemprego deve cair para 10,3% neste ano, de 10,9% no anterior, antes de recuar para 9,9% em 2017, projeções um pouco melhores que as de fevereiro.

Na UE, a taxa de desemprego deve recuar para 8,9% neste ano, de 9,4% em 2015. Em 2017, a taxa da UE deve recuar para 8,5%, prevê a Comissão. Fonte: Dow Jones Newswires.