O comissário para o Comércio da União Européia (UE), Peter Mandelson, resolveu endurecer no discurso contra o Brasil e disse que o País pode ?perder tudo? nas negociações na reunião ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio) no próximo mês se mantiver exigências ?irrealistas? na questão dos subsídios agrícolas.

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Mandelson criticou ?os mais importantes exportadores agrícolas, em primeiro lugar o Brasil?, pelas exigências na agricultura em detrimento das soluções para outros setores. Segundo ele, o Brasil levou a lista de exigências em termos de acesso aos mercados agrícolas a ?níveis inalcançáveis?.

Ele lembra que está na base da Rodada Doha a troca do acesso aos mercados agrícolas nos países desenvolvidos pelo acesso aos setores industrial e de serviços nos países em desenvolvimento e disse que os  parceiros comerciais devem ?entrar em negociações verdadeiras conosco sobre todas as questões (…) sob a alternativa de perda total?.

?Mas, neste momento, nossos principais interlocutores não puseram sobre a mesa nenhuma oferta a respeito de bens industriais que possa se equiparar às exigências na área agrícola?, disse, e acrescentou que ?o nível de propostas para [o setor de] serviços é ainda pior?.

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?A pergunta que nossos interlocutores devem se fazer é a seguinte: o que obteriam se, devido a suas exigências desproporcionais, levassem as negociações ao ponto de ruptura? A resposta é: nada.? O comissário acusou o Brasil de ter decidido, na atual fase de negociações, ?trabalhar com os EUA para fazer pressão sobre a União Européia?. ?É sua opção, mas ela impede as negociações de avançarem.?

O comissário europeu rebateu as críticas feitas à UE pela suposta renitência na questão dos subsídios. ?Algumas pessoas encontraram um argumento cômodo: cobrir de reprovações as políticas agrícolas européias?, disse. ?A Europa tem responsabilidades com esta rodada e se esforça em assumi-las, inclusive no âmbito agrícola. Alguns de nossos mais importantes interlocutores não têm feito da mesma forma.?

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?Parem de se ocultar atrás das críticas à União Européia e de fazer pedidos irrealistas?, foi o recado geral de Mandelson, mandado ontem, diante da Comissão de Comércio Internacional do Parlamento europeu, aos parceiros de negociações no âmbito da organização.

Desencontro

Fica a impressão de estar havendo um desencontro, quando Mandelson diz que ainda não viu propostas nas áreas de serviços e industrial que se equiparem ao oferecido pela UE no setor agrícola.

O Brasil ofereceu um corte de 50% em suas tarifas industriais para tentar desbloquear as negociações, lembrou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, após reunião realizada no início deste mês, em Genebra. O ministro disse, no entanto, que os europeus ?sequer reagiram? à oferta.

?Especulamos com algumas cifras. Os americanos estavam interessados, mas a UE se fez de surda. Nem sequer disseram que queriam mais, simplesmente não reagiram?, disse Amorim.

A UE apresentou uma redução média de 46% nas tarifas agrícolas e a eliminação dos subsídios, desde que seja seguida por outros parceiros – mais especificamente os EUA.