O governo turco conta em economizar para evitar estourar a meta deste ano para déficit orçamentário, que já prevê uma grande elevação em relação ao ano passado. O ministro das Finanças turco, Naci Agbal, disse nesta segunda-feira que economias nos gastos atuais e cortes no funcionalismo devem garantir que Ancara siga em sua trajetória. “Acredito que cumpriremos a meta” para 2017, disse a autoridade.

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O governo estabeleceu meta de déficit de 46,9 bilhões de liras turcas (US$ 12,4 bilhões) neste ano, o equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo seu programa econômico de médio prazo. O montante é bem superior ao déficit de 29,3 bilhões de liras do ano passado, segundo dados oficiais divulgados nesta segunda-feira, e também que o déficit de 23,5 bilhões de liras de 2015.

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Os números saem em meio a crescentes sinais do peso para a economia turca dos distúrbios políticos, após o fracassado golpe militar do ano passado e uma série de ataques terroristas que prejudicaram a reputação da Turquia como destino turístico.

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A taxa de desemprego do país subiu para 11,8% em outubro, de 11,3% em setembro, segundo dados da agência oficial de estatísticas, já que a fraca atividade econômica afeta o mercado de trabalho. A taxa de desemprego está em seu nível mais alto desde março de 2010. Durante o terceiro trimestre, a economia turca sofreu contração pela primeira vez em sete ano.

A lira turca segue pressionada, movimento exacerbado pela onda de venda de moedas de mercados emergentes após a vitória de Donald Trump na eleição presidencial de novembro nos EUA e após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) elevar os juros em dezembro. A lira turca recuou 6% ante o dólar desde o início de janeiro e perdeu um quinto de seu valor ante a moeda dos EUA em 2016.

Agbal também disse que o governo trabalha para adotar as medidas necessárias para conter as flutuações da moeda turca. A volatilidade da lira deve diminuir conforme as medidas surtam efeito, comentou o ministro, sem dizer que medidas adicionais o governo e o banco central podem tomar.

O BC turco restringiu nesta segunda-feira a liquidez da lira ao cancelar um leilão de recompra em uma semana, como já havia feito na quinta-feira e na sexta-feira, o que sugere que ele não está financiando os bancos a 8% por meio de seus leilões de recompra de uma semana.

Na sexta-feira, foram anunciadas novas medidas para conter a onda de venda de liras. O BC cortou pela metade os limites de empréstimo no mercado interbancário, para 11 bilhões de liras, e pode limitar o montante nos mercados de recompra na Bolsa de Istambul, a maior do mercado acionário do país, nos dias que considerar isso necessário, disse a instituição.

“Essas medidas equivalem a uma elevação na taxa, mas de maneira indireta, usando ferramentas quantitativas”, disse em nota o Commerzbank. “Isso será suficiente para interromper a depreciação da lira? Nós achamos que não”, disseram os analistas do banco, para os quais os investidores ainda não têm “um sinal forte, sem ambiguidade” nesse sentido.

Os gastos do governo da Turquia cresceram 15,3% no ano passado, para 583,7 bilhões de liras, enquanto a receita avançou 14,8%, para 554,4 bilhões de liras. A receita tributária cresceu apenas 13%. O déficit orçamentário turco foi de 27 bilhões de liras em dezembro, quando em igual mês do ano anterior ele havia sido de 18,1 bilhões de liras. Fonte: Dow Jones Newswires.