O turismo brasileiro avança a reboque do crescimento econômico e tem estimulado empresas do setor a planejar investimentos. Prova recente do interesse no País veio com o anúncio da compra de 63,6% da CVC pelo fundo de private equity Carlyle, no último dia 7. Os valores não foram confirmados pelas duas empresas, mas se fala em um negócio de R$ 700 milhões – o maior na história do turismo nacional.
Quem mais tem fomentado a alta da atividade é a classe C, que desde o Plano Real, de 1994, vem se beneficiando do aumento do poder aquisitivo. Nos dois primeiros anos depois do plano, o mercado ganhou cerca de 25% de novos turistas. “Muita coisa mudou no turismo da década de 90 para cá. Antes, a classe média não tinha condições de viajar de avião ou sair de férias”, diz Paulo Castelo Branco, vice-presidente Comercial e de Planejamento da TAM. A própria TAM mudou muito na última década. Tornou-se líder no setor e abriu o capital.
Segundo o Ministério do Turismo, de 2008 para 2009 os desembarques domésticos aumentaram 13,74%. A previsão da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) é que a atividade turística no País cresça 10% em 2010. Nos últimos anos, segundo o diretor da entidade, Leonel Rossi, o crescimento médio foi de 7% ao ano. “Em 2009, ano de crise econômica, o primeiro semestre foi ruim. A atividade só começou a se recuperar no segundo semestre. Apesar de o turismo estar em um momento de expansão, ainda há pouca gente fazendo turismo”, diz o representante da Abav.
Na evolução do turismo, o brasileiro tem se acostumado a algumas novidades, como os cruzeiros. Nesta temporada serão ao todo 18 navios, e a previsão é que sejam transportados 850 mil passageiros. No ano passado, foram 600 mil. “Antes, faltava dinheiro para viajar. Agora, até a classe C tem condições de pagar R$ 50 por mês num pacote para Porto Seguro e tirar férias uma vez por ano”, analisa Rossi.
Para o vice-presidente da TAM, apesar dos avanços, o Brasil peca pelos escassos investimentos em infraestrutura. “O turismo entrou em velocidade de cruzeiro. Só corre um risco: parar de crescer pelo comprometimento com a infraestrutura aeroportuária”, diz Castelo Branco.